quinta-feira, 16 de abril de 2009

O Salário e a Jornada de Trabalho

A relação capitalista/trabalhador inicia-se no mercado (compra da força de trabalho) e posteriormente na esfera da produção. Sabemos que lá o capitalista vai consumir a força de trabalho comprada através da jornada de trabalho, por exemplo, 8h diárias de trabalho divididas em tempo de trabalho necessário e tempo de trabalho excedente, aparentando que o trabalhador recebe por toda a jornada de trabalho. Só que a forma salário (valor-de-troca da força de trabalho) aparece como o valor do trabalho, o que não é verdade, ela representa o valor da força de trabalho (daí o problema de Smith e Ricardo não conseguirem explicar o lucro sem violar a lei do valor). Só se vende e se realiza o trabalho depois que se realiza o contrato (venda da força de trabalho) aliena-se o valor-de-uso da força de trabalho que é justamente trabalhar e produzir, criar valor e mais valor no processo de produção.
Mais uma vez então o problema esta localizado na antítese valor-de-uso e valor (da força de trabalho); pois o capitalista vai consumir o valor da mercadoria força de trabalho como qualquer outro comprador. Contudo ele paga a utilização da força de trabalho correspondente a um dia, então ele pode consumir muito mais do que 8h dessa mercadoria, mas existe um limite físico natural de consumo da força de trabalho que impede o seu consumo durante as 24h do dia, o trabalhador tem que descansar (mínimo 12h). O salário aparece no mercado como sendo o valor do trabalho, o que o trabalhador executa dentro da empresa é o trabalho e o que vende fora, no mercado, é a força de trabalho que tem como valor-de-uso criar e produzir mais valor no processo de produção.
O salário, forma de manifestação de valor da mercadoria força de trabalho, é uma forma enganadora, pois ela aparenta ser o valor do trabalho (trabalho não se vende, trabalho é uma atividade). Todas as formas de manifestação de fenômenos são enganadoras. Por exemplo, a energia em si é uma categoria abstrata que pode assumir diferentes formas, os físicos para estudarem especificamente a energia têm que pegar uma das suas diferentes formas de manifestação. O mesmo acontece na economia, as categorias da economia política são abstratas, quando se necessita analisá-las do ponto de vista empírico (ponto de vista real), temos que pegar uma de suas formas de manifestação. Pois as formas é que são concretas e possíveis de pegar e analisar. Portanto era pra termos a força de trabalho tendo seu valor pago ao trabalhador, mas o que se vê no mercado é o valor do trabalho sendo pago.

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