domingo, 12 de abril de 2009

Relação entre Força deTrabalho e Mais-valia

Para transformar o seu dinheiro em capital o produtor tem que encontrar F.T. a venda, ou seja, tem que encontrar trabalhadores livres, dispostos a trabalhar. Livres no duplo sentido por que eles são os donos da sua força de trabalho (não são escravos) vendem pra quem quiser e são livres por que estão destituídos de qualquer meio de produção. Não possuem nada para vender a não ser sua F.T. tem que vender para comer.
A força de trabalho é uma mercadoria como outra qualquer (tem valor e valor-de-uso) e o mercado não é um mercado de trabalho e sim um mercado de força de trabalho (capacidade de trabalhar), o que o trabalhador vende no mercado não é trabalho, para isso seria necessário os meios de produção e ele não os possui e se ele possuísse não venderia seu trabalho, venderia o produto. É isso que permitiu a Marx explicar o lucro sem violar a lei do valor (o que Smith e Ricardo não conseguiram, pois pensavam que o trabalhador vendia o trabalho). O trabalho é uma atividade que só se realiza depois de vendida a força de trabalho, o trabalhador só trabalha dentro da empresa, no mercado ele esta vendendo sua F.T.
O que determina o valor da força de trabalho é aquilo que determina o valor de qualquer outra mercadoria - o T.T.S.N. – só que expresso nos bens de consumo que o trabalhador necessita para sobreviver . O salário que, por enquanto é o valor da força de trabalho, é o somatório dos "n" bens de subsistência ou consumo que os trabalhadores precisam para sobreviver : alimentação, habitação, saúde, vestuário, lazer etc. Esses são os bens que o trabalhador precisa para produzir e reproduzir sua força de trabalho, reproduzir por que é necessário que continue a existir trabalhadores vendendo força de trabalho no mercado para que o capitalista continue encontrando trabalhadores dispostos a trabalhar. Então é necessário pagar um salário para produzir e reproduzir o trabalhador como classe social.
Já o que determina o valor-de-uso (a sua utilidade) da força de trabalho é a capacidade de produzir valor e mais valor (ou mais-valia). É um valor de uso especial que a força de trabalho possui, a de produzir valor novo no processo de produção, por que o valor é determinado pelo trabalho. Trabalho é a substância criadora do valor .
Durante uma jornada de trabalho, de 8h por exemplo, o trabalhador vai produzir produtos através do consumo das mercadorias e meios de produção (máquinas, equipamentos e matérias-primas), a medida que ele produz vai transferir o valor dessas mercadorias para o produto e vai criar valor novo, transformado essas mercadorias em novos produtos. É necessária apenas uma parcela da jornada (4h) para adquirir os bens de consumo (tempo que corresponderá ao salário) o que ultrapassa esse tempo é chamado de excedente, no qual se cria e se produz a mais-valia ( essa mais-valia caracteriza o M.P.C., mas não é peculiar apenas ao capitalismo já existia na sociedade feudal, o servo trabalhava nas terras do Senhor e dividia a produção com ele na forma de produtos).
A mais-valia não advém do fato do trabalhador estar recebendo um salário abaixo do seu valor, o capitalista está pagando o salário que o trabalhador merece e o trabalhador está vendendo sua força de trabalho pelo seu valor, recebendo aquilo que ele precisa para sobreviver (ninguém esta roubando ninguém) mesma relação de iguais. As mercadorias são vendidas pelos seus valores, inclusive a força de trabalho, e mesmo assim é possível produzir o excedente econômico, essa é a força do capitalismo. A mais-valia advém do valor e valor-de-uso dentro dela. É por isso que o conceito de Marx não é um conceito moral e sim econômico, o capitalista explora a F.T. como quem explora uma jazida de minério de ferro.

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