sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Capital Bancário (financeiro)

O banqueiro entrega materialmente o dinheiro ao capitalista industrial, com os juros da mercadoria que ele esta vendendo, mas entrega também o valor. E como essa operação é possível? De entregar valor e valor-de-uso simultaneamente?
Isto só é possível se houver um ato jurídico que garanta a devolução do valor depois, ou seja, a operação bancária só é possível se houver um estado organizado.

A mercadoria capital, que se apresenta sob a forma de dinheiro, é recebida pelo capitalista industrial e nessa operação aliena-se a utilidade e o seu valor à pessoa que a comprou. Em uma atividade comercial normal vende-se a mercadoria, mas se retém o valor dela. O valor-de-uso que o capitalista compra não vai ser só o V.U do dinheiro, tem outro V.U escondido, que é o de produzir mais-valia.

Capital função = industriais
Capital propriedade = banqueiros

Aparentemente esta se negociando dinheiro, mas na verdade este dinheiro que esta sendo negociado é dinheiro na forma de capital, pois o objetivo é trocá-lo por D + D. Estando-se a negociar uma coisa sob a forma de dinheiro com o objetivo de crescer, essa coisa em questão não pode ser dinheiro, é algo que tem a forma de dinheiro, mas em seu conteúdo é capital.
Portanto a mercadoria capital é uma mercadoria especial, cujo valor-de-uso é crescer, é este V.U que se esta comprando e vendendo, ou seja, a “capacidade de crescer”. O grande problema é a facilidade de produzi-la indiscriminadamente.
O capital se apresenta sob a forma de dinheiro e cuja venda se apresenta sob a forma de empréstimo, os juros são o seu preço irracional (o preço irracional do dinheiro é o preço da mercadoria capital) e este é uma parcela da mais-valia, que é produzida pelo capital industrial ou comercial, e que é servida ao capitalista banqueiro pela compra da mercadoria capital.

“Empréstimo de dinheiro é empréstimo de capital sob a forma de dinheiro. É uma função que não é do dinheiro, mas sim do capital que se apresenta sob a forma deste.”

A parte que o capital financeiro se apropria da mais-valia se chama juros ou dividendos, há vários tipos de remuneração que dão margem ao rendimento.
Quando os juros não podem ser determinados pelo T.T.S.N. ele é chamado de preço irracional do capital. Porque não tem por base a lei do valor, a única coisa que acerta os juros é a lei da oferta e da procura. Na teoria neoclássica a única e exclusiva coisa que é determinada pela lei da oferta e da procura é o preço da mercadoria capital.
O capital financeiro assumiu ao longo do tempo não só a forma de empréstimo em dinheiro, mas também a de papéis. E qualquer que seja a forma assumida ela se remunera da mesma maneira, através de uma taxa que se insere sobre o montante (que é o investimento).

Capital Comercial

O capital comercial participa indiretamente da produção de mais-valia, pois abrevia o centro de circulação do capital industrial e, portanto o do capital social, aumentando a sua rotação, ou seja, a taxa de lucro. Ele liberta capital para a produção, amplia o mercado e a divisão do trabalho contribuindo para o aumento da produtividade. Mas isso se o investimento em capital comercial for menor do que o gasto de vendas dos capitais industriais somados, se verificado o contrário, não haveria vantagem e razão para a sua existência. Atualmente todas as técnicas de gestão estão voltadas para o aumento da velocidade de rotação do capital, pois assim consegue-se, sem mudar o pacote de investimentos ou tecnologias, aumentar a massa de mais-valia, ou seja, a taxa de lucro.
Inicialmente o capitalista comerciante para comprar a produção tem que ter capital próprio para comprar e vender, além daquele que é investido para se montar o escritório, é o denominado capital para transações; não é nem capital variável nem capital constante, pois não entra em nenhum processo produtivo, ele é dinheiro e vai manter-se o tempo todo nessa forma, não se materializando em nada, nem em salários nem em máquinas e equipamentos, é dinheiro que sai do banco e volta para o banco.

Com a distribuição da mais-valia através do lucro médio, os capitalistas comerciais vão ter direito a uma parte e os industriais à outra.

Somatório das mais-valias/Somatorio dos investimentos = Taxa de lucro médio (da sociedade)

O mecanismo utilizado pelo comércio é o das taxas de desconto que os comerciantes ganham para vender, o comerciante pode receber descontos sem que o industrial esteja perdendo dinheiro, pois ele vai entregar uma parte da mais-valia dele em troca do aumento da velocidade de rotação de seu capital. Então a existência do capital comercial aumenta a rotação do capital industrial, mas não altera o investimento, há apenas o aumento do seu faturamento (em algumas exceções pode diminuí-lo).
Se o volume de capitalistas comerciantes aumenta em demasia na sociedade, engolindo uma quantidade de mais-valia grande demais, sem correspondente resultado de aumentar a velocidade de rotação, o capitalista industrial simplesmente baixa a taxa de investimento e assim eliminam-se os comerciantes mais incompetentes. Cada vez mais na passagem M’- D’ precisa-se menos de revendedor, historicamente o capital comercial esta com os seus dias contados. Assim o volume de capital comercial que existe na sociedade é rigorosamente controlado pelo capital industrial, no momento em que esse começa a prejudicar a indústria os capitalistas industriais acabam com eles, esse é um fenômeno permanente no modo capitalista de produção.

Lucro e Taxa de lucro médio

O conceito de taxa de lucro nada tem haver com o conceito de Custo de Produção e sim com o investimento total e a massa de lucro. E o conceito de C.P tem haver com lucro, mas nada haver com taxa de lucro, pois para determinar a massa de lucro deve-se ter preço de mercado (venda) menos custo de produção.
Onde a composição do capital é média, os preços de produção são iguais aos valores, lucro é igual à mais-valia.
A formação do lucro médio pressupõe a concorrência entre os ramos e a livre circulação de capitais e força de trabalho. Sem a concorrência que permite que os capitais e capitalistas passem de um ramo p/outro, não se forma a T.L.M.
Obs.: qualquer tipo de monopólio vai prejudicar a taxa de lucro médio.
A T.L.M é também uma taxa ideal de várias formas de manifestação ex.: lucro efetivo.
Taxas de comercialização são taxas que se adiciona ao produto para se chegar ao preço de produção, na esperança de que com essa taxa, no final do ano, se obtenha o L.M. Essas taxas não são determinadas dentro da empresa, são impostas de fora para dentro por leis econômicas que os empresários desconhecem.
Toda vez que não se consegue o L.M erra-se o alvo e a contabilidade da empresa começa a fazer mil contas para se saber onde está o erro.

É o valor que se manifesta idealmente nos preços de produção de mercado

A realidade é dúplice em seu conteúdo, o material e o ideal, um está fora e o outro dentro do cérebro humano. O preço pelo qual o capitalista vai vender seu produto é ideal (está na cabeça dele) podendo não vendê-lo em função da teoria da concorrência, na sociedade capitalista os valores se expressam pelo P.P.I.
O capitalista vai ao mercado e compra máquinas pelo preço de mercado, o que representa o m’ de outra empresa anterior. Se essas máquinas e equipamentos são vendidos há um preço de mercado, entram nos custos desta empresa.
“sempre a parte de lucro de uma empresa entra como preço de custo de outra empresa. Ad infinitum.”
Há uma transformação qualitativa, um capitalista paga e aparecerá na sociedade um valor que não existia antes: o M’.
Partes de mais-valia são cristalizadas na sociedade em produtos, vão entrar na composição do preço dos agentes. O mercado é a materialização do preço de produção de mercado (preço ideal).
Se a oferta for igual à procura os preços de mercado serão iguais aos preços de produção de mercado, se houver desequilíbrio os preços de mercado vão girar em torno do preço de produção de mercado, influenciados ora pelas empresas que trabalham nas melhores condições e ora pelas empresas que trabalham nas piores condições. E é essa concorrência que vai fazer com que o capitalismo se apure, as empresas mais incompetentes serão eliminadas.

Mais-valia - Processo de produção - Kc e Kv

Relação entre a mais-valia e os processos de produção e circulação.

Com a integração da circulação e da produção a mais-valia é dissimulada, pois o excedente do valor da mercadoria sobre o preço de custo, embora se origine na esfera da produção, só se realiza no processo de circulação. Isso porque em meio à concorrência no mercado real, depende das condições deste a possibilidade de realizar-se e o grau em que se realiza em dinheiro esse excedente. A mais-valia realizada com a venda da mercadoria assume para o capitalista a aparência de excesso do preço de venda sobre o valor, ao invés de ser o excesso do valor sobre o preço de custo. Desse modo a mais-valia, ao invés de realizar-se em dinheiro com a venda da mercadoria que a contém origina-se da própria venda.

Relação do capital constante e variável com o valor do produto.

Em relação ao valor do produto, a variação da magnitude do valor, do capital constante aumenta ou diminui de acordo com a magnitude absoluta do valor do capital constante. Isso porque esse próprio capital desembolsado transfere o próprio valor ao produto.

Já em relação ao capital variável, uma variação da magnitude do seu valor, em nada muda o valor mercadoria, pois em nada altera a magnitude absoluta do valor novo criado pela F.T em ação. Influi apenas nas duas partes do valor novo (mais-valia e preço de custo).