segunda-feira, 25 de maio de 2009

A Farsa do Plano Real ( II )


Um mês após a reeleição de Fernando Henrique, o FMI ofereceu devidamente ao Brasil um crédito no total de 41 bilhões de dólares. O Brasil não ficou com nada disso, é claro. Qualquer parcela que tenha realmente pingado no país embarcou no primeiro avião com os investidores e especuladores que o abandonaram.
Os brasileiros tiveram que pagar a divida, mas essa foi a menor das preocupações. Como parte da magia negra para manter a taxa de câmbio antes da eleição, Washington pressionou o Banco do Brasil a elevar a taxa de juros básica para 39%. O FMI pressionou por 70%. Nas ruas de São Paulo, isso se traduziu em taxas de juros de até 200% sobre empréstimos privados e crédito a empresas.
A confirmação do esquema de Rubin para salvar tanto FHC quanto os bancos americanos vem de uma fonte das mais interessantes: Jeffrey Sachs, da Universidade Harvard. Sachs é mais lembrado como a Mary Tifóide do neoliberalismo, que disseminou teoremas do mercado livre e a depressão econômica pela extinta União Soviética. Sachs, que continua entre o falante grupo de atores no círculo das finanças internacionais disse: “Você podia ver a economia [brasileira] caindo do precipício. Foi em câmera-lenta. Mas, em vez de evitar a queda pela desvalorização controlada, Washington e o FMI incentivaram vigorosamente taxas de juros acima de 50%”.
Washington queria a reeleição de FHC, dando seis meses aos financistas americanos para vender os títulos e moeda do Brasil em condições favoráveis. FHC sabia que não adiantava culpar as manipulações de Rubin pelos problemas do Brasil. Em vez disso, com a ajuda de uma imprensa de direita, ele e o FMI atribuem o colapso econômico a vilões conhecidos: funcionários públicos, aposentados e sindicatos. Foram acusados de estourar o orçamento do governo. Os pagamentos dos juros equivaliam a 10% dos gastos do país e eram totalmente responsáveis pela duplicação do déficit federal, comparados a isso as aposentadorias, principal alvo dos cortadores de orçamento, são uma gota no oceano.
Diz-se que o FMI falhou porque os juros altos causaram a crise e depressão no Brasil,mas o que ninguém notou é que a crise foi um elemento deliberadamente planejado...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Ainda sem nome - Parte I

Na verdade, mal sabia ele o que estava fazendo, se é que alguém montado em seu ombro que não passava dele mesmo sabia. Continuava a se agarrar à idéia de que buscava ali e nos seguintes passos que daria uma nova forma de perceber o mundo, algo que tivesse um significado inteiramente novo, algo que no contato com as suas retinas devolvesse a energia da sua alma, que parece ter ficado perdida em alguns dos seus exercícios de internalização e externalização de apatia. O ar era feito de inércia. Procurava algo que recuperasse a melancólica serenidade dos seus olhos negros tão novos, mas tão cansados.
Estava impregnado daquela experiência, acontecido de semanas atrás que tirou seu sono, que fez com que os livros que lia fossem mal digeridos, voltando de dez em dez páginas para reler cinco ou seis parágrafos. Aquele claro momento que post factum pode ser afirmado, aquele quadro onde não tinha o que seguir, para onde ir. A sua mente apenas flutuava em algo que quando descoberto destruirá e colocará como pura especulação científica as bases empíricas dos quatro elementos. O que havia era um todo. Esse momento, post factum pode ser afirmado, mas não descrito, pois qualquer descrição é um momento de alienação, a descrição rompe a unidade, única palavra da nossa linguagem que se aproxima daquela sensação. A descrição, assim como uma certa ciência, esquarteja tudo o que percebe. Quando nos demos conta dos nossos olhos de aranha, acabamos por multiplicar a própria realidade e presenteamos cada parte com asas.
Era o ônibus, o calor, a camisa vermelha. O seu corpo em chamas fez com que os seus olhos se voltassem para o céu na tentativa de sentir através dos olhos alguma brisa, algo que trouxesse sossego. A cada solavanco dado por aquele elefante encaixotado, seu íntimo sentia uma mistura de prazer e náusea, algo como um casal apaixonado fazendo amor no esgoto: nem prazer nem náusea deixam de ter intensidade, deixam de dar a impressão de que o corpo humano se rompe e se refaz constantemente. Ambos existiam, não separados, eram como dois amigos bêbados vomitando em si e no outro como sua imagem das meias ao colarinho.
Era essa a sensação que movia o seu olhar que a cada direção lançada expelia uma gosma com aroma de flores. Era essa mesma unidade que unia seu espírito que o obrigava a copular com o céu.
Quando o seu corpo já era erguido como que por plumas e correntes...

Ainda sem nome - Parte II

“Em caso de emergência: Puxe as duas alavancas”
...Nada era mais presente em sua vida do que aquela odiosa sensação de sempre ter que abrir portas, de construir chaves que cada vez mais se acumulavam, cada vez mais o sufocavam. Era um símbolo da sua vida haver um mecanismo para chegar ao céu. Todas as suas relações eram perpassadas por isso, nem as mulheres tinham mais tanto encanto. Perguntava-se se tudo merecia uma chave, sendo essa chave a quantidade que fazia com que as coisas fossem trocadas. Será que cada indivíduo (o tão falado!) deve (!) se sentir tão separado do outro? Tudo tinha que ser tão mecânico?
Perguntava-se se haveria outro mecanismo quando arrebentasse o primeiro, foi mais além e se perguntou: Será que os meus próprios olhos só vêem portas? E cansou! Algumas etapas lógicas à frente demonstraram que a tentativa de se emancipar dessa percepção em chave era uma mecanização da emancipação, em bom português, uma nova chave.
Nada o angustiava mais do que esses ciclos onde o desenhista desenha sabendo que o desenho não agradará. Uma tentação irresistível de registrar uma paisagem de cartão-postal. Era tudo ridículo, nada avançava, os homens de prática o haviam ensinado o método para acusar o ideológico, e a angústia nascia da sua incapacidade de ser tão frio e podre a ponto de não aplicar o método em si mesmo, de se autocriticar. E além do mais, a própria natureza desses questionamentos eram pequeno-burgueses, mesquinhos, existenciais. Não vomitava, pois via naquele momento que o vômito era sagrado e imaginou que ele se alojava em alguma parte independente do seu corpo, aquilo não era algo que retornava ao mundo, subproduto da chacina alimentar cotidiana, mas era a prova, era a imagem, era a materialização da negatividade diária, sendo assim um primeiro passo para uma ruptura profunda. Estava tão pouco sistemático e tão embriagado sem que o tenha ingerido álcool que chegou a pensar que os produtores e reprodutores da idéia de uma organicidade do vômito eram cientistas ideológicos, macaqueando uma mentira que passou a ser verdade. Logo viu que o seu próprio raciocínio era ultra-ideológico, dogmático. Pensou que seu nome era Bruno, chegou a falar em um tom moderado: “São Bruno”*. (*Bruno Bauer)
Enojou-se, engoliu a seco, mordeu o próprio braço, mas não deixou de ter um prazer estético por essa deificação do vômito.
Tocou na janela, nos grandes cobogós de aço e vidro. Uma delas estava aberta, reteve o olhar por um bom tempo no contraste entre o céu aberto e o céu fechado. Pensava, ao focar a metade direita, nas irmãs da sua avó materna. Diziam que quando reconheciam os tais netos da sua irmã mais nova, o faziam tendo como base a altura, o resto se desfazia em nuvens, nem contornos haviam. Haviam manchas, uma hegemônica e estática ao redor de algumas heterocrônicas e heteroformes, as vezes uma pequena nuvem branca se abria um pouco abaixo do centro da mancha morena, e os olhos não existiam, se perdiam na pele marcada e sofrida que os rodeia. Talvez aquelas imagens fossem como elas queriam ser. Se odiavam e não paravam de beliscar a sua própria pele amarrotada por uma ver a si mesma na outra reciprocamente.
Preferia que lutassem com martelos.
Esboçou um sorriso ao perceber que tinha a impressão de ver através de outros olhos, mais especificamente por ver através de olhos gastos que o intrigaram por tanto tempo simplesmente com a sobreposição cotidiana de uma camada de vidro sobre uma camada de céu. Apertou os dentes, sério, por ser ele mesmo esse velho doente. Um inativo.
Soprou a parte esquerda, nada viu, mas supunha que o ar quente dos seus pulmões tivesse se misturado com o mormaço. Soprou a parte direita e viu seu ar tomar forma. Se assombrou, pensou que tudo o que era produzido pelo ser humano era profano, chegou a ver um fantasma-mercadoria estabelecendo propriedades quantitativas sobre as coisas que fazia deslizar a aba da sua saia, essa idéia chegou a se materializar quando mais uma vez soprou a parte direita, a parte-vidro, e viu duas manchas de ar com diferentes tamanhos. Logo estabeleceu uma relação quantitativa entre estas duas manchas de ar e outras manchas do caminho – óleo, água, álcool – tudo passou a ser ora relativo, ora equivalente. Percebeu que a sua percepção estética era completamente enquadrada, tal consciência da sua própria negatividade o fazia um artista: transformava quadrados em esferas, mas não as fazia circular, encaixotava-as onde guardava as suas medíocres vitórias especulativas.
Não conseguia lembrar dos quatro ou cinco minutos que preenchiam o espaço entre dois momentos que obrigavam a memória a registrá-los. Achava isso inconcebível. Sem essa linha, perdida no ar, todas as coisas perdiam a unicidade, lembrava de duas pessoas que falavam alto sobre as suas misérias, mas não lembrava dos quatro degraus vencidos por aquele corpo pesado que marcava o ar de colônia, não recordava da troca de olhares entre este e o cobrador, muito menos as provocações e conversas pontuadas daqueles dois que todos os dias se encontravam na volta pra casa daquela trabalhadora que tinha nos dedos o cheiro de alho do almoço que comeu afastada daquele espetáculo horrendo de sorrisos brancos.
Esses momentos, como necessários, se materializavam na memória como hipóteses, suposições. Não conseguia parar de imaginar o encontro entre a mulher de corpo pesado que exalava colônia e alho e um conhecido seu que jogava palavras-cruzadas, que da sua parte não deixava de pensar se o seu sonho de estar pescando era pura imaginação ou o reflexo dos movimentos da sua cabeça que mais parecia uma vara lançada e puxada, cochilando e despertando. Estranho que o observador lhe inculcasse até os sonhos. Será que, de alguma forma, aquele homem se sentia incomodado com esse arrombamento, e não licença, do seu inconsciente?
Parou por um momento e teve medo de se tornar paranóico, ele era um filho dessa época confusa que foi arbitrariamente taxada de insolúvel, como se vivêssemos num caos cada vez mais confortável, num grande hotel a beira de um abismo*. Toda a sua vida era uma grande abstração. Se desfez desses pensamentos tolos e deixou de ver o outro como tão distante, viu que aquelas duas mentes podiam comungar os seus corpos e divagações. Nada o deixava mais feliz do que essa revira-volta heróica do seu raciocínio. Chegou ao ponto de apertar forte as próprias mãos, mas se entristeceu com aquela solidão, embora tenha sentido, por um momento, em um das mãos, o calor daquele que havia pouco tempo atrás era o outro, e que já não o era mais. Fechou os olhos, ficou alguns segundos sentindo a sua cabeça tremer com o balançar do ônibus que se intensificava quando chegado aos vidros, sentiu o vento e sorriu. (*Lukács)

Ainda sem nome - Parte III

Continuou, imaginou as pernas daquele que pescava palavras em sua mente e as reproduzia mecanicamente no papel. Chegou a imitar o movimento que este homem fez ao oferecer o lugar a sua companheira colônia e alho: estava sentado ao lado do corredor quando a viu, colocou o seu pequeno livro de palavras-cruzadas no colo, afastou a sua perna direita para o canto direito do ônibus e fez dela um apoio que fez com que todo o seu corpo acompanhasse o movimento; quando finalmente mudou de lugar e se sentiu confortável, viu que o corpo da sua companheira era grane demais, retraiu ainda mais as pernas para a direita, os seus joelhos se tocaram, as coxas finas produziam um espaço onde se via a cor da cadeira coletiva, seu corpo e sua alma se encontravam apertados, não se sentia a vontade. O que poderia explicar essa repentina mudança de humor: de uma tranqüilidade serena para uma agonia defensiva, como um gato arrepiado no canto de uma parede? Seria algo construído no passado da relação entre esses dois sujeitos ou apenas uma rejeição mecânica de uma aproximação física e intelectual? Se sentiu ainda mais íntimo do homem das pernas finas, chegou a ver nele as suas sobrancelhas, os seus cílios, as suas pálpebras sofridas. Sabia que gostava dos muitos, gostava de suor e de perceber os seus olhos perdidos e também empolgados em não ver na multidão apenas o mais do mesmo. Mas sabia também que tinha medo, não de sofrer, o que o inspirava, mas um medo puro, uma decepção sem que ninguém precisasse desapontá-lo. Uma decepção abstrata, e não prática.
Não queria dar nomes a essas pessoas que participavam tão ativamente da sua angústia e alegria, agradava-o a idéia de que o cheiro era o existir, o componente perceptível da alma. Via no cheiro um poder classificatório maior do que qualquer nome. O nome era inteiramente cultural, o cheiro conciliava algo que já existe no nascimento e a posição de cada sujeito no mundo. Aquilo que se introduzia através das suas longas narinas expressava a falsidade de toda a ciência contemporânea fragmentada. Via, ouvia, sentia e refletia no cheiro o próprio ser social. Não o cheiro das unhas daquela mulher, nem a colônia que fazia brilhar a sua pele que se esforçava em não romper sob toda aquela pressão adiposa, algo mais profundo que o ligava a ela, algo que fazia com que um visse com os olhos do outro e permitia saber, objetivamente, o que devia ser feito, e era isso que ele queria, agir.
Antes de se entregar completamente àquele perfume que abalava toda aquela sua frágil existência individual, percebeu que não sentia no homem de pernas finas aquilo que sentiu ao ver aquela mulher. Sentiu-se triste, talvez ele não mais existisse, ou poderia ter perdido a sua existência em alguma esquina daqueles cruzamentos inúteis que clamavam por palavras.
Tentou se aproximar, deveriam se salvar juntos, mas percebeu aqueles olhos medrosos, que se tornavam vermelhos por refletirem a camisa vermelha que se colocava cada vez mais perto, as pernas se apertaram, tão assustadas, que propiciaram o toque de duas coxas que até aquele momento se estranhavam. Voltou ao seu lugar depois de quase cair sobre aquele corredor que registrava passos.
Via a verdade naquele cheiro, presa por portas medonhas e construída por homens perversos ou apenas novos marceneiros. Todas elas deviam ser destruídas e não abertas, o aparecimento da verdade tinha de ser total e não parcial, aquele cheiro havia de construir um novo céu.
Desceu, as pessoas não o viam muito bem, a sua imagem era estranha, pois naqueles os olhos não se encontravam no nariz, mas se sentiam ao mesmo tempo bem com a sua presença, olhavam, todas, diretamente para o céu.
Algumas semanas depois daquele ônibus, foi visto sentado na areia da praia, mastigando sons e vomitando reflexões. Estava abatido e angustiado como no dia em que era levado por aquele elefante encaixotado a lugares que ainda não conhecia, mas que já pareciam tão distantes. Um olhar mais atento poderia ter visto, no seu bolso, um volume mais alongado e saliente que correspondia a uma caneta, e um volume retangular e achatado que poderia ser tanto um cartão como um papel dobrado. Junto com um invólucro de bala que tirava do bolso em direção ao lixo, estava aquele segundo volume, retangular e achatado. Asfixiado que estava, se desdobrou, e assim como falamos obrigado uns aos outros, dizia o papel ao vento:

“O outro
Contra quem lutamos
É a nossa essência.

O totem tartaruga
Contra o qual
Nosso corpo reage
Diante de qualquer lento-ato.

Não devemos nos perguntar
Se a nossa luta
Contra esses diabólicos reflexos mecânicos
Não tomou a forma
Daquilo contra o qual cravamos os dentes?

A tartaruga tem em si
Um segredo oriental
Um poder de grande magnitude
Que nos mostrará novas possibilidades?”

Sentia-se desapontado, sua mente se encontrava, novamente, recheada de interrogações que deviam pesar toneladas, pois com elas não conseguia se movimentar. Seus pés e suas mãos formigavam e o mundo apodrecia ao seu redor.

Quando nos demos conta dos nossos olhos de aranha, acabamos por multiplicar a própria realidade e presenteamos cada parte com asas.

o abandono do conceito de totalidade
da "ciência" contemporânea
distorcido em hegel
ajustado em Marx
esquecido pelos profissionais ideológicos contemporâneos

*Texto escrito pelo meu amigo Lucas Trindade aluno de Ciências Socias da UFPB.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Mudanças na poupança a partir de 2010.

A partir de 2010, os depósitos na poupança acima R$ 50 mil estarão sujeitos ao Imposto de Renda. Já os fundos de investimento terão desconto.
O principal argumento do governo é de que, com juros cada mais baixos, os fundos de investimento perderiam clientes, provocando uma migração em massa para a poupança. O resultado seria um "desequilíbrio" no sistema.

Mas por que o governo decidiu mudar as regras da poupança?

Com o agravamento da crise, o Banco Central vem reduzindo a taxa básica de juros no Brasil, a Selic. Desde janeiro, o corte chega a 3,5 pontos percentuais. A redução afetou o rendimento dos fundos de investimento, muitas vezes baseado na Selic. Nesse cenário, a caderneta de poupança (isenta de imposto de renda), passa a ser mais atraente.
A explicação do governo é de que uma possível migração (dos fundos para a poupança) causaria um "desequilíbrio" ao sistema. Isso porque os recursos da poupança são direcionados a créditos específicos, como por exemplo, o habitacional.
Já os recursos depositados nos fundos podem ser usados para crédito livre. No caso de uma fuga desses fundos, faltariam recursos para financiamentos "normais". Era preciso, na avaliação do governo, conceder estímulos para que os grandes investidores permaneçam nos fundos de investimento.

Quem é mais prejudicado com as medidas?

As medidas afetam os chamados "grandes investidores", pessoas que, na avaliação do governo, estariam usando a poupança como mecanismo de "especulação".
O governo definiu esse grande investidor como clientes com depósitos na poupança acima de R$ 50 mil. Essas pessoas terão seus rendimentos afetados com o pagamento de imposto de renda.
No entanto, aquelas pessoas que têm na poupança sua única fonte de rendimentos estão isentas do IR, desde que tenham até R$ 850 mil. A partir desse valor, o cliente será taxado.

Existem críticas quanto às mudanças?

Sim. Alguns especialistas dizem que essa é uma decisão "paliativa". "A medida resolve uma questão momentânea. O governo precisa se preparar para mudar o sistema financeiro, com vantagens para aplicações de longo prazo", diz o economista Antônio Correa de Lacerda, da PUC-SP.
Segundo ele, o assunto estava gerando "muita especulação", obrigando o governo a antecipar o anúncio das novas regras. "O governo comunicou mal e a oposição também errou, ao falar na possibilidade de confisco", diz Lacerda.
Há críticas, ainda, quanto a própria tributação sobre a poupança. A avaliação, nesse caso, é de que a redução do Imposto de Renda sobre os fundos seria "suficiente" para atrair os clientes.
Além disso, o governo poderia encontrar formas de "forçar" os fundos de investimento a reduzir a taxa de administração cobrada, que também afeta o rendimento líquido.
O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), criticou o fato de o governo aumentar a tributação. "Somos radicalmente contra a criação de qualquer tipo de imposto. Hoje (o limite) é de R$ 50 mil e amanhã muda para R$ 30 mil", diz.
Segundo Maia, a proposta do governo, que será encaminhada ao Congresso por meio de Medida Provisória, terá "dificuldades" para ser aprovada.

Com as novas regras, a Selic pode cair ainda mais?

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que as novas regras "derrubam" um dos principais impedimentos para uma queda ainda maior na Selic.
"Não estão dizendo que a Selic vai cair. Mas não é razoável, a essa altura, ter um impedimento para a redução dos juros", disse Meirelles.
A proposta do governo é de promover uma maior tributação sobre a poupança na mesma proporção da queda da Selic. Ou seja, quanto menor os juros, maior a incidência do Imposto de Renda.

O governo sai ganhando com essa tributação?

Sim. Caso os juros caiam, o governo dará um desconto no imposto de renda sobre o rendimento dos fundos de investimento. Ou seja, o governo deixará de arrecadar. Se a Selic cair para 9,25%, por exemplo, a renúncia fiscal no ano chegará a R$ 3,5 bilhões.
No entanto, a queda dos juros também proporciona ganhos para o governo, com a diminuição de sua dívida. A estimativa do Ministério da Fazenda é de que, com a Selic a 9,25%, o governo economize R$ 11,5 bilhões com o pagamento de juros.

A medida afeta o governo politicamente?

A avaliação do professor da PUC-SP é de que o governo conseguiu, pelo menos nesse momento, preservar o pequeno poupador.
Estima-se que apenas 1% dos poupadores no país tenha acima de R$ 50 mil em suas contas. Com isso, o governo deixou de fora das medidas a grande maioria dos poupadores.
O governo também se preocupou em divulgar logo as novas regras, de forma a evitar especulações. O outro motivo seria ainda evitar um anúncio muito próximo a 2010, o que poderia prejudicar a imagem do governo diante do período eleitoral.

domingo, 10 de maio de 2009

A Farsa do Plano Real ( I )


Sua excelência Robert Rubin, presidente do Brasil!

Quando era menino, o secretário do tesouro dos EUA, Robert Rubin, sonhava ser presidente do Brasil. E em 1999 seu sonho se realizou. É claro que, como tem endereço em Washington e nacionalidade americana, Rubin conquistou o controle do Brasil da única maneira que podia: por intermédio de um golpe brilhante.
Em Outubro de 1998, o presidente nominal do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, foi reeleito para o cargo por um único motivo: tinha estabilizado o valor da moeda brasileira e, portanto, contido a inflação. Na verdade, não tinha. O real brasileiro estava ridiculamente supervalorizado. Mas, com a aproximação das eleições, sua taxa de câmbio contra o dólar simplesmente desafiava a gravidade. Esse milagre levou Cardoso à linha de chegada com 54% dos votos.
Mas não existem milagres.
Quinze dias depois da posse de FHC, o real despencou e morreu. Seis meses depois da eleição, ele tinha aproximadamente a metade de seu valor no dia da eleição. A inflação está aumentando e a economia implodindo. A taxa de aprovação de Cardoso, que se revelou um incompetente e uma farsa, caiu para 23% do eleitorado. Tarde demais. Ele já havia colocado a presidência no bolso.
Quer dizer, mais ou menos. Não restava muito da presidência de Cardoso além do título. Todas as políticas importantes, do orçamento ao emprego, são ditadas pelo FMI e seu órgão irmão, o Banco Mundial. E por trás deles, dando as cartas, estava o secretário do Tesouro Rubin, que governou de fato como presidente do Brasil sem precisar perder uma única festa em Manhattan. Mas esse é o preço que Cardoso pagou pelos serviços de Rubin na campanha eleitoral. Pois foi o secretário do Tesouro quem, junto com o FMI, manteve a moeda brasileira alta.
Rubin teve bons motivos para manter a dúbia moeda brasileira, além de ajudar FHC. Sabendo muito bem que a moeda seria destroçada logo depois da eleição, o Tesouro dos EUA garantiu que os bancos americanos conseguissem tirar seu dinheiro do país em condições favoráveis. Entre julho de 2002 e a posse em janeiro do ano seguinte, as reservas em dólar do Brasil caíram de 70 bilhões de dólares para 26 bilhões de dólares, um sinal de que os banqueiros pegaram seu dinheiro e fugiram. Mas a moeda permaneceu em alta antes da eleição porque os EUA deixaram clara sua intenção de substituir as reservas perdidas por um pacote de empréstimos do FMI.
E também se deixou muito claro para os eleitores que os fundos seriam entregues apenas a FHC, e jamais ao Partido dos Trabalhadores, da oposição. O apoio da elite internacional a FHC foi selado pela presença, em julho, no Rio, de Peter Mandelson, cão-de-caça político do primeiro ministro britânico, Tony Blair. O estranho e inédito apoio de Mandelson a FHC marcou o ingresso oficial de Cardoso no projeto da Terceira Via de Clinton e Blair.
Retirado do Livro de Greg Palast "A melhor democracia que o dinheiro pode comprar".

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O porco e o espírito de porco


O Porco são as notícias sobre infectados e mortos. O espírito de porco são as notícas descabeladas sobre a gripe suína. Não precisa ser muito inteligente para perceber que aí tem coisa...a burguesia tenta desviar a atenção do povo do fracasso atual do sistema.Diante duma ameaça a saúde pública mundial, de uma ameaça que poderá matar milhares de vítimas e cuja disseminação deveria ser contida de imediato por meio de rigorosas medidas de isolamento levadas a cabo pelos países não infectados ou nas regiões em que os cidadãos foram infectados, mas o isolamento não é feito!Pois passando por uma crise estrutural o sistema poderia abalar-se ainda mais com o isolamento dos mercados!Povos da Europa e dos EUA, estão assolados por uma epidemia muito mais grave: o desemprego.Uma pandemia nesse momento viria bem a calhar para os barões do sistema financeiro que poderiam novamente sair à rua em paz, sem o risco de levarem umas porradas.O povo, como sempre crédulo, vai colocar suas máscaras e deixar os criminosos em paz.

Grandes Pensadores: John Maynard Keynes


Com Keynes o foco dos estudos em economia desloca-se da esfera microeconômica para a macroeconômica, ou seja, para a explicação do que determina o nível agregado de produto e de renda no curto prazo. Uma das questões importantes que Keynes destaca é que o comportamento do todo pode ser diferente do que é planejado pelos agentes econômicos, agindo separadamente e na ignorância sobre as decisões dos demais. Assim sua teoria em contraposição a outras correntes de pensamento em economia, define a determinação do nível de renda e produto no curto prazo como o objeto de estudo da macroeconomia. Essa preocupação se coloca porque forças de mercado atuando livremente não garantem necessariamente que a economia alcance o nível de produto de pleno emprego da força de trabalho. O produto gerado em uma economia de mercado em um período de tempo, segundo essa visão, é determinado pela demanda efetiva, ou seja, o quanto os agentes econômicos estão dispostos a gastar em determinado período.
Keynes desenvolveu sua teoria voltada para explicar como a economia pode operar abaixo do pleno emprego por períodos sucessivos de tempo. Em seu modelo teórico, os agentes tomam decisões com base em expectativas, sem que haja qualquer mecanismo que garanta que o que foi planejado será o realizado. O volume de emprego ofertado em determinado momento é resultado de expectativas de venda dos empresários, que ajustam sua produção e, consequentemente, a oferta de emprego, conforme percebem os sinais do mercado.
No sistema contábil de inspiração keynesiana, a produção visa ao mercado e é entendida como um processo que se desdobra no tempo, conduzido por empresas. Dessa forma, a mensuração do produto agregado considera que a geração de bens e serviços está relacionada com a geração de renda que decorre durante o processo de produção, tornando os fluxos de produção e renda, medidos num mesmo período, iguais. A produção gerada tem como destino o mercado, em que os bens e serviços são demandados para consumo final ao longo do tempo.