domingo, 15 de novembro de 2009

A mercadoria e o germe da crise

A mercadoria é a forma elementar de toda a riqueza, formada pelo par de contrários dialéticos ValorxValor-de-uso e produto do trabalho humano, traz dentro de si um complexo de relações sociais e está em constante desenvolvimento, assim como as relações sociais que lhe deram origem. Portanto cristalizada sob a forma objeto, mas com sua essência VxVU em dinâmica evolução é o germe da crise do MPC.
A simples existência da mercadoria é suficiente para evidenciar a existência de VxVU, mas a oposição sendo interna a mercadoria só pode ser observada através das relações de troca, ou seja, evidenciando o valor de troca (forma) como manifestação do valor (conteúdo). Excluindo-se a possibilidade de autoconsumo, teremos a 1ª forma de manifestação da oposição VxVU, um produtor não pode consumir o produto de seu próprio trabalho, para ele a mercadoria possui um valor ideal e deverá encontrar no mercado um valor-de-troca onde possa se manifestar. Essa é a condição “sine qua non” para a existência de mercadoria, o produto do trabalho humano, produzido para ser mercadoria, é apenas mercadoria em potencial, pois necessita de reconhecimento social. Os produtores estão inconscientemente ligados pelos elos invisíveis que submetem as partes ao todo e submetidos também a possibilidade de surgirem produtos do trabalho humano para os quais não existem consumidores e não tendo a mercadoria o seu valor-de-uso reconhecido socialmente, ocasionando destruição de trabalho humano gasto inutilmente, haverá também a redução da capacidade de consumo social, pois os produtores que não conseguirem alienar suas mercadorias estarão impossibilitados de adquirir outras. Estará caracterizado, portanto, o germe da crise de abundância e seguir a evolução da contradição VxVU é acompanhar o fenômeno mercadoria e observar simultaneamente a gestação das crises.
O dinamismo da mercadoria é evidenciado no processo das relações de trocas e através do uso das equações do valor, referencial teórico cujos processos das trocas são mais facilmente visualizados, pois representam um estágio historicamente determinado do desenvolvimento das relações de troca. A equação de valor também pode ser considerada como uma unidade formada pelo par de contrários dialéticos FRVxFEV (aplicando-se assim à ela todas as propriedades inerentes a esta categoria da filosofia).
A equação simples do valor (FRV) aM1 = bM2 (FEV), representa uma sociedade onde as trocas são atos isolados sem quaisquer ligações a montante ou a jusante. A equação extensiva (FRV) aM1 = bM2, cM3 ... qMn (FEV) são reconhecidas, nas trocas, os VU’s das mercadorias, mas não há nenhuma mercadoria de aceitação global.
Na equação geral do valor (FRV) bM2, cM3 ... qMn = aM1 (FEV), sendo aM1 de aceitação geral, mas não ainda dinheiro, poderá ela ter dois tipos de utilização: ou como bem de consumo ou como meio de circulação, representando portanto uma situação em que existem relações de troca a montante e a jusante. Ela ainda poderá ser substituída por outra que se apresente mais adequada às necessidades do desenvolvimento das trocas.
O grande salto qualitativo é visto na equação dinheiro do valor (FRV) aM1, bM2 ... qMn = D (FEV), o ouro como equivalente geral exclui definitivamente dessa função todas as outras mercadorias. Todos os produtos serão obrigados a realizar as operações de venda e troca e sempre deixando como prisioneiro da circulação um produtor qualquer possuidor de dinheiro.
Na equação dinheiro do valor a oposição VxVU atinge seu ponto máximo, a oposição interna, em cada mercadoria assumi uma nova forma de manifestação: a forma de oposição externa entre M e D. O reconhecimento do VU como valor-de-uso social do trabalho privado como parcela do trabalho social só poderá efetuar-se através da mercadoria dinheiro. No entanto, a realização do valor de uma mercadoria não significa, para o seu produtor, a aquisição de um VU que o permita satisfazer sua necessidade. O VU do dinheiro é ideal.
A equação dinheiro do valor representa um ato incompleto M – D para completá-lo é necessário o ato seguinte D – M, ou seja, a expressão do valor de uma mercadoria qualquer no VU de D deixa de ser a solução da contradição VxVU.

Nenhum comentário:

Postar um comentário