quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Sociedade Anônima S.A

A ascensão de uma empresa como sociedade anônima de caráter monopolista significa a substituição do capitalista individual pelo capitalista da sociedade anônima que é constituída por um grupo de “dirigentes que estão entre os maiores donos; e devido, às posições estratégicas que ocupam, funcionam como protetores e porta-vozes de toda a propriedade em grande escala”. Nesse sentido , sua característica principal é a existência de controle centralizado nas mãos de um grupo de diretores que se autoperpetua na busca de atingir uma independência financeira através da criação interna de fundos que permanecem à disposição da administração.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Papai Noel da Julia: O Porco Capitalista



Menina Julia Desmistificando o papai noel rsrs

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Moendo Carnes e Ossos

"Se moermos carne e ossos humanos na máquina industrial a que chamamos Estados Unidos moderno devemos primeiro proteção aos homens e devemos segurança as suas famílias se morremos".


John L. Lewis (12 de fevereiro de 1880 – 11 de junho de 1969) foi um líder trabalhista; presidiu uma organização de trabalhadores em minas dos Estados Unidos da América entre 1920 e 1960.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Hasta Siempre Commandante!



A noção de que a difusão do capitalismo deve-se ao fato de a produção capitalista ter derrotado competitivamente as formas pré-capitalistas é inadequada porque essa difusão foi primariamente um processo político e militar(e não econômico-competitivo), no qual Estados e classes dominantes não capitalistas tiveram que inventar estratégias de adaptação e reprodução para defender sua existência num contexto de desvantagem militar frente aos Estados capitalistas, inicialmente o Reino Unido e, depois, principalmente os EUA.

*trecho do artigo de Alfredo Saad Filho " A atualidade da Economia Política Marxista"

sábado, 9 de outubro de 2010

Cultura cívica



A cultura cívica do país mostra-se incongruente com a exuberante “morfologia poliárquica” do país. Alienada eleitoralmente, refratária à participação em organizações como sindicatos, partidos ou assossiações profissionais ou comunitárias, e indiferente à classe política, a cidadania brasileira convive com notável pluralismo organizacional, diversidade político-institucional e forte diferenciação social. O resultado é um híbrido que faz com que o governo governe muito, mas no vazio – um vazio de controle democrático, um vazio de expectativas legítimas, um vazio de respeito cívico...
Esta cultura cívica tem ainda como traço essencial o descrédito quanto a eficácia do Estado, as propostas correntes de reforma institucional para assegurar a “governabilidade” se dirigem à questão partidária e no fundo equivalem a uma estratégia de manutenção do oligopólio da oferta de representação por parte da elite oligárquica, diante do processo de erosão acelerada dos mecanismos seculares de controle que exerce sobre parcelas do eleitorado. Elas não incidem sobre o corporativismo setorial ou comportamento predatório de grupos de interesse, e que estão na base da saturação.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Brasil: 1967-73

Nos anos 1968-1973, conhecidos como o período do "milagre econômico" brasileiro, o PIB cresceu no País a uma taxa média anual de 11,2% e o da indústria de transformação, 13,3% ao ano. Contribuíram para esse crescimento: uma capacidade de produção ociosa, herdada do período anterior, a implementação de medidas de política monetária destinadas a expandir o crédito ao consumidor e a redução das taxas de juros internos e condições favoráveis para a captação de recursos externos.
Portanto os períodos de 1957-61 e 1968-73 foram de elevadas taxas de crescimento do produto. São características comuns aos dois períodos: a implementação de política monetário-creditícia expansionista e a liderança do crescimento exercida pelo setor industrial, com destaque para bens duráveis de consumo e bens de capital.
O crescimento, em 1968-73, deveu-se a condições externas favoráveis, mas influiu decisivamente a mudança na estratégia econômica do governo que passou a adotar políticas de expansão da demanda e de estímulo à produção.

O dinamismo do setor industrial no período do 'milagre' deveu-se, também, à expansão das exportações de produtos manufaturados, estimuladas pelo realismo cambial propiciado pelo sistema de minidesvalorizações cambiais então introduzido.

O crescimento do período do 'milagre' veio acompanhado de aumentos do salário médio e gerou acentuada expansão do emprego; isso não obstante, houve piora na distribuição de renda.
Ainda neste ciclo de crescimento da economia brasileira, ocorreram os seguintes eventos:
• Uma nova etapa do processo de substituição de importações, com a redução do coeficiente importado da economia;
• Ampliação do endividamento externo, notadamente daquele contraído por filiais de empresas estrangeiras.
• A rápida expansão do mercado de eurodólar; a elevada liquidez em dólar e a crescente facilidade de obtenção de empréstimos e financiamentos nos centros financeiros internacionais e o rápido crescimento do comércio internacional e da economia mundial.
Também as reformas institucionais de meados dos anos sessenta, sobretudo dos sistemas monetário-financeiro e fiscal, foram importantes à retomada do crescimento econômico a partir de 1968. Diante desse fato pode-se afirmar que:

• A reforma tributária e a criação de títulos da dívida mobiliária com cláusula de indexação permitiram o aumento dos gastos do governo;

• Os bancos de investimento passaram a financiar o capital de giro das empresas mediante o repasse de recursos externos.


Assim temos que, a reforma financeira de 1964-66 foi importante para a retomada do crescimento econômico a partir de 1967 por ter criado mecanismos de financiamento de longo prazo. A produção industrial cresceu, inicialmente, mediante utilização de capacidade ociosa. Somente no início dos anos 70 é que se verificaram aumentos mais expressivos de investimentos. É possível constatar uma acumulação significativa das reservas internacionais, apesar do crescimento expressivo da dívida externa, aumento da participação dos empréstimos privados na composição da dívida externa brasileira e aumento da participação de produtos manufaturados na pauta de exportações.
Em 1973, os preços do petróleo quadruplicaram, dando início a uma desaceleração do crescimento mundial, acentuado por políticas de ajuste de cunho recessivo em vários países. Em virtude da forte dependência brasileira do petróleo importado, o choque do petróleo provocou forte desequilíbrio nas contas externas do Brasil e inviabilizou a expansão econômica nos moldes da observada no período do 'milagre'. A resposta do País a esse estado de coisas foi prosseguir no caminho do crescimento com endividamento, aproveitando a elevada disponibilidade de financiamento externo e evitar o ajuste contracionista promovendo a diversificação da estrutura produtiva. Como resultado, o País conseguiu manter taxas de crescimento apreciáveis mesmo em um cenário de recessão nos países industrializados.
A respeito do Plano de estabilização e de reformas estruturais do governo Castelo Branco, a reforma financeira segmentou o sistema financeiro, por exemplo, separando bancos comerciais e bancos de investimento. A diferenciação da estrutura de salários, propiciada pela política salarial em vigor desde o Governo Castelo Branco, favoreceu a expansão da demanda de bens de consumo duráveis; o dinamismo do setor industrial foi ampliado pelas exportações de manufaturados, estimuladas pelo realismo cambial propiciado pelas minidesvalorizações; o crescimento veio acompanhado do aumento do salário médio e gerou acentuada expansão do emprego, não obstante o fato de ter havido piora na distribuição de renda.

Já no Governo Costa e Silva (1967/69), houve uma mudança na política de combate à inflação em relação àquela praticada no período do PAEG. Introduziram-se mecanismos de controle direto de preços dos grandes setores industriais e baseou-se no diagnóstico de inflação de custos.
Sobre o desempenho da economia brasileira e sobre a política econômica na segunda metade da década de 1970. Os projetos do II PND (Governo Geisel - 1974/79) contribuíram para o processo de desconcentração regional da indústria, os investimentos públicos desempenharam um papel anticíclico, evitando uma queda mais acentuada nas taxas de crescimento do produto; foram implementados importantes projetos substituidores de importação, especialmente em indústrias de bens intermediários.
Conclui-se então que após o primeiro choque do petróleo em 1973, o Brasil optou por manter uma política de crescimento econômico em vez de ajustar-se ao choque externo pela redução de suas importações. Sobre este período, é correto afirmar que a opção de manter o crescimento foi responsável pelo grande aumento da dívida externa no período. As primeiras medidas do Governo Geisel incluíam políticas monetária e fiscal restritivas.
Finalizando, podem ser associados ao período conhecido como “milagre econômico brasileiro” (1968-1973): a adoção do sistema de “minidesvalorizações” cambiais; o entendimento da equipe econômica que a inflação não era fundamentalmente de demanda, mas de custo; tanto as importações como as exportações cresceram significativamente ao longo do período, sendo que a taxa de crescimento das exportações de bens manufaturados cresceu acima da taxa média de crescimento das exportações.
A política econômica adotada no período teve as seguintes características:

• A expansão da demanda interna não impediu o crescimento das exportações de manufaturados, dentre outros motivos porque havia capacidade ociosa suficiente para permitir o crescimento agregado da demanda interna e externa;
• As isenções fiscais e os juros subsidiados à agricultura visaram ao aumento da oferta de alimentos e ao crescimento das exportações de produtos primários;

• A taxa de crescimento da demanda por bens de consumo duráveis aumentou antes que a da demanda por bens de capital.

Brasil: 1964-67

A economia brasileira apresentou taxas de crescimento relativamente baixas no período de 1962 a 1967. Contribuíram para tal performance : O efeito desacelerador associado à conclusão da maior parte dos investimentos do Plano de Metas; as políticas de estabilização implementadas antes e após a ruptura constitucional de 1964 e o arrefecimento da demanda por bens duráveis de consumo, uma vez atendida a demanda reprimida preexistente e o baixo coeficiente de exportação das industrias instaladas no País, cujas exportações foram insuficientes para compensar a desaceleração da demanda interna, depois do Plano de Metas.
Sobre o desempenho da economia brasileira e a política econômica do Governo Castello Branco (1964-67), é correto afirmar que o ingresso de capitais privados externos de risco e de empréstimo foi estimulado, a reforma financeira visou, dentre outros objetivos, ao fortalecimento da poupança privada nacional e a política salarial constituiu um dos componentes centrais da política de estabilização
Sobre a política antiinflacionária do Programa de Ação Econômica do governo Castelo Branco (PAEG), e sua implementação, tivemos que, a elevação recorde de preços em 1964 pode ser, em parte, considerada como resultado da própria estratégia de combate à inflação contida no PAEG e a introdução do mecanismo de correção monetária foi parte da política antiinflacionária do período.
Assim o PAEG, do governo Castello Branco identificava três causas básicas da inflação, a saber: os déficits públicos, a expansão credíticia e as majorações excessivas de salários. Utilizou uma política de compressão salarial como instrumento chave no combate à inflação. Portanto o combate à inflação deveria seguir uma estratégia gradualista de forma a não comprometer a meta prioritária do governo de aceleração do crescimento econômico.

Conta-se entre os objetivos do PAEG (Governo Castello Branco):
• A aceleração do ritmo de crescimento econômico interrompido no biênio 1962/63;
• O controle do processo inflacionário mediante a redução do déficit público;
• A correção da tendência a déficits elevados das transações correntes, que ameaçavam a continuidade do processo de desenvolvimento pelo estrangulamento periódico da capacidade para importar.

 A política antiinflacionária do período 1964/67 alcançou sucesso em reverter a tendência ascendente da inflação do período anterior. Entre os principais componentes dessa política podemos mencionar: a política de realismo dos preços públicos, que se revelou importante para a redução do déficit público, ainda que tenha tido impactos negativos sobre a inflação a curto prazo.


Contudo, entre os principais problemas associados à crise, neste período, incluem-se: a inadequação institucional; a política monetária restritiva utilizada no Plano Trienal e no PAEG; a capacidade ociosa então existente e o esgotamento do dinamismo gerado pelo Plano de Metas.
O PAEG diagnosticou como causas da inflação o déficit público, a expansão do crédito às empresas e os reajustes salariais em proporção superior ao crescimento da produtividade. Teve na política salarial um dos principais componentes da estratégia de combate à inflação, política essa que provocou a redução do salário-mínimo real. Promoveu o financiamento do crescente déficit público por meio da venda de títulos do governo, evitando assim o impacto inflacionário do déficit.
O PAEG teve dois eixos de ação. Um deles foi o eixo emergencial; o outro, o eixo de ações estruturais. Pode-se dizer que: o diagnóstico que orientou as ações emergenciais foi de que a inflação, que se encontrava em processo de aceleração, decorria tanto de pressões de demanda, oriundas de gastos descontrolados do governo, quanto de custos, provocadas por reajustes salariais acima dos aumentos de produtividade, as ações estruturais focalizaram as condições de financiamento da economia e o plano preconizava ações de ampliação da base de financiamento da União.
A política salarial foi um dos pontos fundamentais do programa não havia mecanismos de correção em caso de subavaliação do “resíduo inflacionário” e a política salarial estabeleceu o princípio da anuidade dos reajustes.
O Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG) desde sua divulgação provocou um debate acadêmico sobre seu caráter ortodoxo ou não, o qual dividiu os economistas. Ponderando-se os argumentos de ambos os lados, pode-se dizer que o plano: divergiu da ortodoxia, dentre outros motivos, por admitir a possibilidade de convivência com a inflação; se aproximou da ortodoxia ao admitir o déficit público como uma das causas básicas da inflação e ter implementado uma política que ao mesmo tempo reduziu a relação déficit público/PIB e diminuiu a participação da emissão de papel-moeda em seu financiamento.
Em importante estudo sobre a economia brasileira na década de 1960, Simonsen defende que a política antiinflacionária adotada pelo PAEG tinha as seguintes características: era uma política gradualista de combate à inflação e assemelhava-se, neste aspecto, à proposta, embora não implementada, do Plano Trienal do Governo Goulart; contemplava a racionalização do sistema tributário e da arrecadação, além da recuperação do prestígio da dívida pública; implantou o que veio a ser chamado de “inflação corretiva”, isto é, uma série de altas de preços com o objetivo de corrigir distorções acumuladas no passado e que atenuaria a dependência de alguns setores produtivos em relação aos subsídios governamentais; a orientação gradualista adotada para combater a inflação recusava o conge¬lamento geral dos salários e a imediata eliminação do déficit público, embora reconhecesse que este era uma das causas da inflação.

Brasil: 1961-64

Analisando-se a política econômica do Brasil nos anos anteriores ao governo militar, na primeira metade da década de 1960, houve tentativas de políticas de estabilização, inclusive com a adoção de políticas monetárias restritivas, com vistas ao combate a inflação.
O período de janeiro de 1961 a março de 1964 foi extremamente conturbado politicamente, tendo apresentado várias descontinuidades político-administrativas. Tal período presenciou: taxas de crescimento do PIB real relativamente baixas e estáveis sustentadas pelo comportamento positivo do PIB agrícola e a primazia do combate à inflação na política econômica ensaiada pelos diferentes governos do período.
A ruptura institucional de 1964 continuou a explorar um padrão de desenvolvimento semelhante ao dos anos 50: associação com empresas estrangeiras, padrões de consumo do Primeiro Mundo e adoção de tecnologias características destes padrões. Entre as reformas institucionais implementadas pelo governo militar naquele ano e nos anos seguintes que lograram reduzir a taxa de inflação de cerca de 100% para algo em torno de 20%, em 1969, temos: A Reforma tributária e a correção monetária, criação do FGTS, do Banco Nacional de Habitação e do Sistema Financeiro da Habitação. E por fim a Política de realismo tarifário em relação aos serviços públicos.
Ainda com relação ao período 1961-1964, o Governo Jânio Quadros promoveu, por meio da Instrução 204 da SUMOC, uma desvalorização cambial. As políticas monetárias e fiscais do Governo Jânio Quadros tinham cunho contracionista. E o Plano Trienal continha um diagnóstico de inflação de demanda em sua formulação, propunha medidas de natureza gradualista para combatê-la. Propôs, dentre outras medidas: redução do déficit público, retração do crédito e correção de preços defasados. A aceleração do processo inflacionário se deveu parcialmente a fatores de natureza política, como a insuficiente base de apoio do governo no Legislativo e a mudanças freqüentes na equipe econômica.
A resistência do Congresso Nacional foi fator importante para inviabilizar a realização das reformas estruturais propostas pelo Governo João Goulart para combater a crise, a redução da taxa de crescimento dos investimentos privados deveu-se, em parte, à capacidade ociosa gerada pelos projetos industriais do Plano de Metas. Pode-se afirmar que a desaceleração do crescimento industrial, observada no período, se explica, em parte, pelos vultosos investimentos do período Kubitsheck e a instabilidade política do Governo Goulart dificultou a implementação de uma política econômica industrial adequada.

Brasil: 1947-61

O período 1947-61 caracterizou-se por um surto de expansão econômica apoiado na estratégia de industrialização por substituição de importações (ISI). Essa estratégia culminou com o Programa de Metas do governo Kubitschek, que consolidou a indústria como o setor dinâmico da economia brasileira. Políticas de controle do mercado de câmbio, instituídas inicialmente para enfrentar a crise do setor externo em 1947, acabaram se tornando o principal instrumento de promoção do desenvolvimento da indústria. O Plano de Metas também se beneficiou de instituições criadas no segundo Governo de Vargas (1951-1954), como o Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico. O capital estrangeiro recebeu tratamento preferencial e ampliou-se a participação do setor público na formação de capital.
Nesse período ocorreram importantes transformações na estrutura produtiva do País. Os seguintes fatores contribuíram para as transformações no período em causa: as facilidades concedidas ao capital estrangeiro, de risco e de empréstimo, pela Instrução 113 da SUMOC; o reforço da capacidade financeira das empresas industriais, resultante do crescimento dos salários reais abaixo do crescimento da produtividade e a ação estatal, compreendendo o planejamento e a coordenação de grandes blocos de investimento, e a criação de infra-estrutura e de indústrias intermediárias.
Obs.: A Instrução 113 da Superintendência de Moeda e Crédito (SUMOC) favoreceu o investimento externo direto ao permitir a importação de máquinas e equipamentos sem cobertura cambial. E facilitou a importação de máquinas e equipamentos não registrados como investimento externo direto, ao permitir o pagamento à vista ou a prazo pelo câmbio de custo.
A condução da política econômica representou uma mudança em relação aos períodos anteriores na medida em que fez uma opção por uma estratégia desenvolvimentista desde o início, a política cambial manteve o chamado “confisco cambial”, promovendo a transferência de renda do setor exportador para o setor industrial.

O Plano de Metas foi o primeiro plano consistente de política industrial implementado no País. Sua implementação acabou se valendo também da redistribuição de recursos propiciado pelo processo inflacionário. O protecionismo, peça fundamental da política industrial do período, foi exercido através da política cambial, das tarifas aduaneiras e da lei do similar nacional.
Obs.: A respeito das características da indústria brasileira do início dos anos 1960, logo após a implementação do Plano de Metas, tratava-se de uma indústria diversificada, com produção em praticamente todos os ramos típicos de uma economia desenvolvida e a capacidade produtiva ainda era insuficiente para suportar a demanda corrente em alguns setores básicos.
Os efeitos do Plano provocaram, logicamente, alterações mais significativas na estrutura da capacidade produtiva industrial do que na estrutura da demanda, a reforma do sistema cambial em 1957 se ajustava aos objetivos do Plano de Metas, ao favorecer a substituição dos bens de capital que tivessem condições de ser produzidos internamente, por fim, o crescimento da produção industrial foi liderado pelas indústrias de bens de consumo duráveis e de bens de capital.
Um exame dos resultados alcançados pelo Plano de Metas permite as seguintes constatações: a intervenção direta do governo na atividade econômica foi intensificada e a quilometragem, a construção de rodovias superou as metas. Ou seja, a maioria das metas alcançou alto grau de realização, tendo malogrado as metas relativas ao carvão e às ferrovias, contudo os desequilíbrios regionais e sociais aprofundaram-se em decorrência da implementação do Plano de Metas.
Já nos anos que antecederam o golpe militar de 1964, a economia brasileira viveu um período de desaceleração do crescimento e de aceleração inflacionária. A desaceleração do crescimento industrial deu-se mais intensamente nos setores de bens de consumo duráveis e de bens de capital, líderes da fase expansiva anterior. O superinvestimento do período do Plano de Metas é uma das causas apontadas na literatura para a desaceleração do crescimento industrial e o comportamento do produto foi negativamente afetado por políticas ortodoxas de combate à inflação.

sábado, 24 de abril de 2010

Da série autores Marxistas: Rosa Luxemburg

Características do Imperialismo.

O imperialismo é a expressão política do processo de acumulação do capital, manifestando-se pela concorrência entre países capitalistas para conquistar as regiões que não se encontrem ainda dominadas pelo capitalismo.
No período imperialista, os empréstimos internacionais desempenham o principal papel na independência dos estados capitalistas modernos, pois são indispensáveis para a emancipação dos Estados onde o capitalismo está em ascensão e, ao mesmo tempo constituem o meio mais seguro para os Estados capitalistas antigos exercerem a sua tutela sobre os modernos, controlarem as suas finanças e exercerem pressão sobre a política externa. É o meio mais eficaz de abrir ao capital acumulado dos países antigos, novas esferas de investimento e, ao mesmo tempo, restringi-lo. As condições de realização e de capitalização da mais-valia diferem no tempo e no espaço, a primeira só exige a difusão geral da produção de mercadorias, enquanto a segunda exige, pelo contrário, o deslocamento progressivo da produção mercantil simples pela produção capitalista.
O imperialismo é tanto um método histórico para prolongar a existência do capital, como o meio mais seguro e mais rápido para, objetivamente, lhe por fim. Isto não significa que o ponto final tenha de ser necessariamente atingido. O militarismo aí encontra uma função importante, ele é para o capital um meio privilegiado de realizar a mais-valia, ou seja, é um campo de acumulação.
No tocante a mercadoria, o capital depende das condições sociais, pois estas só podem ser vendidas e o lucro realizado em dinheiro se elas satisfizerem as necessidades da sociedade, portanto a acumulação contínua do capital está ligada ao crescimento igualmente contínuo das necessidades sociais. A necessidade social de que depende a acumulação de capital parece ser a própria acumulação de capital.

Da série autores Marxistas: Rosa Luxemburg

As condições históricas da acumulação.

A questão que se coloca é saber se as condições válidas para o capital individual podem ser aplicadas ao capital total, para Marx as condições de acumulação do capital total se identificavam com as do capital individual. Para Rosa as condições concretas da acumulação do capital total diferem tanto das condições de reprodução simples do capital social total como das condições da acumulação do capital individual. A realização do produto total mostra-se como uma tarefa impossível numa sociedade composta exclusivamente por operários e capitalistas, eles só podem realizar o capital variável, a parte usada do capital constante e a parte consumida da mais-valia; recriando as condições necessárias da reprodução na mesma escala. Na produção capitalista, não apenas o produto total mas também cada unidade de mercadoria contém a mais-valia e ela não pode ser realizada nem pelos assalariados nem pelos capitalistas, mas apenas por sociedades de modos de produção pré-capitalistas. Porém a realização da mais-valia não é o único elemento da reprodução que deve ser levado em conta, a acumulação capitalista depende dos meios de produção produzidos fora do sistema capitalista. Portanto a mais-valia destinada à capitalização que se encontra sob a forma de uma massa de mercadorias, não pode absolutamente realizar-se no interior dos meios capitalistas e deve encontrar compradores no exterior desses meios, nas estruturas e nas camadas sociais não capitalistas. O comércio internacional é pois, tanto do ponto de vista da realização da mais-valia como do ponto de vista da aquisição dos elementos materiais do capital constante uma condição histórica vital do capitalismo.
O capitalismo, mesmo na sua fase de maturação, está ligado, em todos os níveis, à existência de camadas e de sociedades não capitalistas, no comércio capitalista interno, o capital não pode realizar mais do que certas partes do valor do produto social total: o capital constante usado, o capital variável e a parte consumida da mais-valia destinada à capitalização deve ser realizada no exterior. Daí o fenômeno contraditório: os antigos países capitalistas, constituindo uns para os outros um mercado sempre mais largo e podendo, cada vez menos, passar uns sem os outros, entram ao mesmo tempo em concorrência acirrada, na disputa das relações com os países não capitalistas.

Da série autores Marxistas: Hilferding

A concentração empresarial e bancária e o capital financeiro.

Com o desenvolvimento da produção capitalista e o conseqüente aumento da composição orgânica do capital, vai-se ampliar a esfera de emprego e do crédito, em virtude da tendência de aumentar sempre a compra de capital constante (meios de produção) em relação à força de trabalho, e, portanto, a esfera do crédito em relação à esfera do dinheiro. Há uma tendência para que, nessa relação banco-empresa, o primeiro fique na posição mais forte.
A sociedade por ações representa uma mudança na função do capitalista industrial, pois implica a dissociação do capitalista industrial da função do empresário industrial. As possibilidades de expansão, nas sociedades por ações, são muito maiores que as da empresa individual, e ainda, além de acumular parte dos lucros, pode-se realizar uma acumulação independente do rendimento próprio da empresa, utilizando o capital monetário livre disponível da sociedade.

Da série autores Marxistas: Eduard Bernstein

A distribuição dos rendimentos na sociedade moderna.

De maneira geral a social-democracia entende que a concentração das fortunas acompanha a concentração das empresas industriais. Contudo a formação de sociedades anônimas contraria essa tendência das fortunas para a centralização, tendência que resulta da concentração das empresas. Permite um fracionamento importante dos capitais já concentrados e torna útil a sua apropriação por um punhado de capitalistas isolados. Ou seja, o aumento da riqueza social não é acompanhado pela diminuição do número de capitalistas, pelo contrário, um aumento do número destes em todos os graus.
A grande empresa dá ela própria origem às pequenas e médias empresas, em proporções maiores ou menores, os capitais novos procuram aplicação e apresentam-se constantemente no mercado, cuja capacidade de absorção no que diz respeito a novos artigos, cresce a par com a riqueza social. O mercado não poderia viver do consumo de um pequeno número de milionários, mesmo que estes fossem alguns milhares.

Da série autores Marxistas: Nikolai Bukharine

O imperialismo, reprodução ampliada da concorrência capitalista.

A política das classes dominantes serve de intermediário para a reprodução simples e ampliada de determinadas relações de produção e a guerra é um meio de reprodução de certas relações de produção, pois a guerra de conquista é um meio de reprodução ampliada dessas relações. Na essência ela constitui a base sobre a qual uma determinada política extorsiva pode tomar corpo. A ciência burguesa é incapaz de compreender que a economia social tem de servir de classificação essencial para as diversas políticas e tendem a ignorar as discrepâncias entre os diferentes períodos do desenvolvimento econômico, esforçam-se para apresentar o imperialismo como ato heróico seu. O imperialismo é o agente da estrutura financeira capitalista que subordina o mundo ao domínio do capital financeiro.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A Rosa do povo

"O poeta
declina de toda responsabilidade
na marcha do mundo capitalista
e, com suas palavras, intuições,
símbolos e outras armas,
promete ajudar
a destruí-lo
como uma pedreira,
uma floresta
um verme."


Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Marx e a religião: É possível fazer socialismo com fé em Deus?

Na opinião de Leandro Konder: não só é possível, como é absolutamente necessário que o socialismo seja feito também – e decisivamente – por gente que tem fé em Deus.
Marx fustigou as posições direitistas dos cristãos: tanto dos católicos quanto dos protestantes. Contudo, sobre uma perspectiva filosófica materialista, e considerava a perspectiva da religião alienada. Para Marx, a religião era o “ópio do povo”; era “o sol ilusório em torno do qual gira o homem, enquanto não gira em torno de si mesmo”; era a consciência e o sentimento do homem que “ainda não se encontrou ou então já se tornou a perder”. E era também “o suspiro da criatura esmagada, o coração de um mundo sem coração, o espírito de um estado de coisas carente de espírito”.
Do ponto de vista de Marx, não decorria nenhuma atitude de intolerância contra a religião. Em O capital, Marx deixou claro que considera a religião um reflexo necessário, na cabeça dos homens, de uma vida organizada de tal modo que as relações entre as pessoas (prejudicadas pela propriedade privada) eram tensas, obscuras, geradoras de insegurança, opressão e violência. A religião só poderia desaparecer quando não existisse mais esse mundo do qual ela era o reflexo necessário. Antes de ter criado na prática um mundo novo que venha a tornar a religião desnecessária, é absurdo pretender suprimir o reflexo religioso na consciência dos homens: a coerção antirreligiosa reforçaria as bases da ideologia que estaria pretendendo anular.
Marx compreendia isso. Mas não podia deixar de entrar em choque com os cristãos da sua época. Não se tratava de uma controvérsia filosófica e sim de uma briga política: Marx não os combateu por serem cristãos, mas por serem reacionários.
Os cristãos mudaram muito desde a época de Marx. Os caminhos do cristianismo não se mostraram menos variados e surpreendentes que os do marxismo. No século 19, havia poucos cristãos do lado da classe operária; hoje há milhões de cristãos integrados nos movimentos reivindicativos dos trabalhadores, enfrentando na prática os privilégios do capital e aprendendo na escola da vida o que Marx ensinou nos livros. Mesmo continuando a ser cristãos e continuando a ter fé em Deus, esses lutadores agem por vezes como se fossem revolucionários marxistas. Às vezes agem melhor do que os marxistas no fortalecimento do movimento operário.
Com que autoridade alguns marxistas sectários, enciumados, poderiam impedi-los de assumir o lugar que eles conquistaram na efetiva vanguarda dos movimentos de massas?
Nas sociedades modernas, complicadas, a classe operária precisa travar uma luta política prolongada, que depende da sua capacidade de mobilizar aliados, somar forças, ocupar-manter-e-ampliar todos os espaços democráticos que o movimento de massas consegue abrir no interior do sistema capitalista. Por isso – para avançar através da democracia na direção do socialismo – a classe operária precisa do pluralismo.

Trecho retirado do livro " O Marxismo na batalha das idéias", Leandro Konder.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

"Milagre brasileiro" nos anos 70?

Diferentemente do que defende a teoria marxista, a maioria dos autores atribui à expansão do início dos anos 70 às políticas econômicas adotadas na época. Contudo este período de crescimento, que se seguiu à crise dos anos 60, vem apenas confirmar a trajetória do ciclo econômico: de reanimação e auge. Estas fases apresentaram-se com grandes taxas de crescimento do produto industrial gerando a ilusão de que as medidas de política econômica eram as responsáveis pela expansão.
O papel das políticas econômicas por vezes é criar essa ilusão, pois suas medidas podem causar efeitos anticíclicos (atenuando fases de crise e depressão) ou expansionistas, estimulando auges elevados. A ação governamental na economia tornou-se tão comum que a maioria dos autores atribuem as fases de expansão e crise aos acertos e falhas das políticas econômicas do governo.Tais afirmações baseiam-se portanto nas observação da aparência, independentes das medidas adotadas, a economia seguiria o seu movimento com as fases de crise, depressão, reanimação e auge.As medidas econômicas adotadas não criaram o milagre econômico, a economia já encontrava-se saneada pela crise ocorrida em meados dos anos 60 e portanto preparada para desenvolver um novo período de ascensão.

Brasil anos 60 e a marcha para a crise

Já em 1961 a economia inicia a sua marcha a crise, que ira se realizar apenas em 1963

A entrada para a etapa de crise é de caráter rastejante devido aos seguintes fatores:
• Por ser a primeira Crise de superprodução, o processo de renovação do capital fixo, base material da crise, ainda não estava completamente sincronizado;
• O fato de a industrialização ter se dado num país subdesenvolvido e em uma fase do capitalismo monopolista (suas características próprias);
• Conjuntura mundial de expansão econômica;
• Os investimentos efetuados no plano de metas que se distribuíam em 4 a 5 anos (por exemplo, a grande siderúrgica USIMINAS que, em 1962 ainda estava em obras de ampliação).

É valido observar que a crise foi presidida por uma superprodução latente que se tornaria uma superprodução real. Este estado de latência é caracterizado pela superampliação do aparelho produtivo, com o aumento mais que proporcional da capacidade instalada, particularmente nos setores que fornecem os elementos materiais do capital fixo. Esta superaculação provocaria o crescimento da capacidade ociosa e o aumento da formação de estoques.

Em 1961 já se observa uma redução dos investimentos em equipamentos, menos as instalações, além da existência de uma importante capacidade ociosa (vale salientar que já havia sido instalada uma capacidade maior que a demanda na época do plano de metas). – super-dimensionamento da instalação de alguns ramos do setor de bens de capital e de bens de consumo duráveis.
Mesmo caindo os ritmos de investimento, o produto continuou a crescer, pois a medida que já estava instalado, o capital produtivo teria que exercer a sua função.

O processo de aumento da capacidade ociosa teve efeitos negativos em toda a economia: “O excesso da capacidade e o excesso de poupança interna das empresas em aplicação nos respectivos setores, tem um efeito depressivo sobre a taxa de investimento privado. Quando este começa a cair, arrasta consigo uma queda da taxa de emprego e nos níveis de demanda efetiva, que por sua vez leva à quebra das empresas marginais nesses setores. Estes acontecimentos são a descrição da passagem da sobreprodução latente para a sua forma de manifestação real.

Ao se analisar o período antecessor a crise, leva também em consideração a variação no consumo produtivo e pessoal. Para este último será observada variações dos salários, onde conclui-se que, nos anos antes da crise, não se verifica uma queda do nível de salários e, conseqüentemente, do consumo. Porém, se observar a relação dos salários e poder se compra observa-se que a partir de 1963 os níveis de rendimento apresentam uma relativa queda. Este fato se da devido ao decreto, em 1963 de aumento do salário em 56,25%, mas no mesmo período houve uma elevação de 78,12% no custo de vida.
O início da crise em junho-julho deve ter influenciado fortemente a subida da taxa de inflação e que repercutiu na queda dos salários. Em 1964 se apresenta como exceção visto a época de grande movimentos reivindicatórios que tiveram como conseqüência aumentos salariais.

Logo, é evidente que a crise iniciada em 1963 foi precedida por um período de grande expansão nos mercado, com grande ampliação do consumo produtivo e pessoal. O primeiro foi comprovado com altas taxas de investimento até o ano de 1962 e o segundo pelos altos salários, (contribuição também do crédito).
“fica incorreta a afirmação de que a crise foi provocada por limitações ou imperfeições do mercado, por falta de consumo ou má distribuição de renda”.

Pode-se observar que, apesar do aumento dos rendimentos e da conseqüente participação de mais consumidores na procura, e do crescimento dos investimentos e do consumo produtivo, a crise de superprodução estava em marcha, pois as condições para o fenômeno se tornar real estavam dadas.

Síntese e conclusões

• Em 1963 o país entrou na fase de crise do seu primeiro ciclo próprio de superprodução;
• As condições reais para a superprodução se deram no início dos anos 60, quando o processo de acumulação capitalista no Brasil atinge o ponto de mudança qualitativa a partir do qual se manifestaria a crise cíclica de superprodução;
• Mas antes foi preciso a existência de uma superprodução latente através da existência de uma capacidade ociosa generalizada e uma acumulação de estoques, apesar do crescimento considerável do consumo pessoal e produtivo;
• A crise teve um caráter rastejante visto as próprias particularidades da economia brasileira;
• O ciclo econômico começa com a fase da crise no primeiro semestre de 1963. No segundo semestre deste ano a queda foi atenuada por algumas medidas de política econômica, voltando a acentuar-se antes do término do primeiro semestre de 1964. Em 1964 e 1965 foram anos de crise com seu ponto baixo em 1965. A reanimação é possível em 1967 e em 1968 iniciou-se o auge que se prolongou ate 1974;
• O país entrou em fase de crise sozinho, apesar da conjuntura mundial favorável, o que da a primeira crise própria de superprodução no Brasil um caráter singular;
• Os fatos ocorridos na década de 60 conduziu a formação de uma economia que caracterizada como “industrial-agrária”, voltada ao mercado interno.
• A inflação que acompanhou todo o processo, sendo particularmente grave no início dos anos 60 ao apresentar-se sob a forma de ‘estagflação’.

Anos 60 : "endogeneização da dinâmica cíclica da economia brasileira"

Nos anos 60 a lógica e dinâmica da economia capitalista muda para o Brasil. Nesse período identificamos a descoberta do início das condições propícias ao desenvolvimento da crise, sendo assim, o ano de 1960 representa um marco econômico na história do país, de 1960 a 1964 observamos a passagem de um nível econômico para outro.

Como as relações de produção capitalistas tendem a desenvolver-se junto a uma acumulação primitiva de capital, a industrialização torna-se o fator determinante da dinâmica do capitalismo, a certo nível as forças produtivas atingem um grau capaz de provocar o aguçamento da contradição fundamental do sistema e das formas de manifestação. Portanto a base interna para a crise só será gerada à medida que a produção fabril capitalista se instala e se desenvolve dentro do Brasil a partir da década de 60. Antes as crises observadas na economia brasileira eram reflexos da situação externa e o comportamento da economia brasileira, ao recuperar-se mais rapidamente que o resto das economias mundiais, mostrava que estas crises não eram de superprodução, pois tiveram como resposta o crescimento da produção interna que passava a ocupar os espaços ociosos deixados pela redução das importações, a exemplo das crises de 1929 e da 1ª guerra mundial que impulsionaram a alteração da dinâmica econômica externa para a interna. Concluímos então que apenas na década de 60 a crise passa do campo da possibilidade para o da necessidade, a acumulação passa a estar determinada pela expansão do setor industrial (bens de produção e de consumo duráveis) sujeitas a ciclos de expansão e problemas de realização.

A fase de implantação do setor industrial inicia-se na década de 30, devido ao auge do café, e não em resposta a crise externa. A fase da constituição das forças produtivas especificamente capitalistas se dá entre a década de 30 até a década de 50(processo de substituição das importações) – fase caracterizada por uma diminuição da capacidade de importar e um intenso crescimento da produção industrial.

O fator importante é que, entre 1956 e 1957 se esgotam as reservas de mercados pré-existentes.

O processo de acumulação apresentou-se de forma diferenciada no Brasil. De acordo com o modelo clássico, a crise geral seria presidida por crises parciais, a medida que o capital fosse ocupando os espaços disponíveis. No caso brasileiro teve as seguintes particularidades:

1. O grau de proteção da indústria nacional visto as dificuldades de importar;
2. O elevado grau de monopolização da economia;
3. A existência de um grande exército industrial de reserva, pressionando os salários para baixo, não criando incentiva a introdução de tecnologias poupadoras de trabalho – gerou certo atraso crônico de alguns setores;
4. A relativa estagnação mostrada no item 3 repercutiu no dinamismo do setor de meios de produção.
5. A política econômica – o plano de metas – que teve efeito acelerador. “este foi o acontecimento que permitiu a economia dar o ultimo passo em direção a crise”. Pois fomentou investimentos que proporcionaram a instalação, em grande escala, de capital fixo nas novas empresas então criadas. Logo, quando os investimentos completassem o período de maturação, o país entraria em fase de crise.

O plano de metas proporcionou um crescimento da capacidade produtiva além da demanda pré-existente. Os investimentos entre 57 e 61, por exemplo, se focaram em três ramos principais: material de transporte, material elétrico e metal-mecânica, de elevada complementaridade inter-industrial. Este processo teve um efeito acelerador sobre a renda urbana e a capacidade produtiva do setor de bens de capital. A produção nacional de diversos produtos, como peças, permitiu a grande empresa a aumentar seus lucros extraordinários na fase expansionista, verificando assim uma tendência a sobreacumulação e a um crescimento da capacidade a um ritmo superior ao crescimento da demanda. (instalação de capacidade ociosa).

Resumo da contribuição do plano de metas como papel acelerador:
• Para acelerar o esgotamento das reservas do capitalismo, características das economias subdesenvolvidas;
• Para preencher os espaços econômicos vagos;
• Para instalar rapidamente os ramos ainda não existentes, completado a integração do parque industrial do país;
• Para acelerar a sincronização do movimento de rotação do capital fixo dos diferentes ramos e setores;
• Para a realização da reprodução alargada se desse em base nacional.

Em termos qualitativos, o Brasil abre a década de 60 com um perfil industrial de economia madura em que chegará a um importante ponto de mudanças qualitativas.
“Encontra-se uma economia mais diversificada, com processos mais capitalistas de produção e com importantes setores altamente sensíveis a inflexões no ritmo de crescimento, portanto, vulneráveis a uma depressão conjuntural gerada internamente, ao contrário dos anos do decênio passado”.

*texto Resumo da Tese do Dr. Nelson Rosas Ribeiro (Economista)

domingo, 3 de janeiro de 2010



"Existem obviamente leis invisíveis que de algum modo atuam sobre o caos da concorrência e da anarquia: de outro modo, a sociedade capitalista já estaria em ruínas há muito tempo.
O objetivo da economia política, enquanto ciência (e particularmente dos estudos de Marx), é precisamente traçar, reconhecer e descrever estas leis ocultas que organizam toda a sociedade no meio da confusão da iniciativa privada."

Rosa Luxemburg

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Bolsa de valores

A especulação, atividade bolsista específica, se apresenta em primeiro lugar como compra e venda não de mercadorias, mas de títulos de capital; estes, ao contrário da mercadoria, a qual desaparece no mercado pelo consumo, jamais saem da circulação. Se a compra e venda de mercadorias é uma condição vital da sociedade capitalista, o mesmo não se pode dizer da especulação da bolsa.
A troca de propriedade, a contínua circulação das ações não tem influência na empresa uma vez já emitidas e compradas pela primeira vez as ações. A produção e o rendimento não variam quando os títulos trocam de dono, nem varia o rendimento pela variação do preço das ações; ao contrário, este é que se altera com a variação dos seus rendimentos, provenientes do lucro das empresas. As transferências de propriedade de títulos não afetam pois, nem a produção, nem a realização dos lucros. Os ganhos e perdas da especulação nascem das diferenças de valorização dos títulos. Não são lucros, nem correspondem à mais-valia, nem se originam das oscilações da porção de lucro ou mais-valia que vai das empresas aos proprietários de ações; são lucros diferenciais: os especuladores ganham uns dos outros – a perda de um é o ganho do outro. As altas de preços das mercadorias só influenciam a especulação quando são índices de lucros elevados: são as variações nos lucros que têm de fato de ocorrer (ou ser esperadas). Os ganhos surgem porque se estabelecem valorizações opostas que determinam o lucro especulativo de uns e a perda especulativa de outros; num momento o especulador pode comprar mais barato do que vendeu antes ou vender mais caro do que comprou, obtendo ganhos, etc.
A insegurança da especulação cria a possibilidade da influência da direção especulativa, de que os pequenos especuladores sejam arrastados pelos grandes; os primeiros mal informados, seguem os sintomas externos, a aparência, o estado de ânimo do mercado. Esse estado, porém, pode ser e é produzido artificialmente pelos grandes especuladores, cujos movimentos são imitados pelos pequenos. Consolidam o mercado mediante compras volumosas e elevam o nível de cotização com o incremento da demanda; os pequenos aumentam a demanda imitando os grandes, e mesmo que estes já não estejam mais comprando, os preços continuam subindo. A posse de grandes capitais produz a superioridade no mercado, já que a direção deste se estabelece pela forma de emprego dessas grandes massas de dinheiro. Para o especulador profissional, num dado período ganhos e perdas podem compensar-se reciprocamente, mas o público investidor mais amplo, composto de indivíduos de menor poder financeiro, segue a direção indicada pelos grandes especuladores e permanece nela quando estes já se retiraram com lucros realizados. São esses especuladores menores que suportarão as perdas e pagarão as diferenças causadas por variações conjunturais.

Texto resumo de HILFERDING, R.; El Capital Financeiro. Madrid, Ed. Tecnos