quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Anos 60 : "endogeneização da dinâmica cíclica da economia brasileira"

Nos anos 60 a lógica e dinâmica da economia capitalista muda para o Brasil. Nesse período identificamos a descoberta do início das condições propícias ao desenvolvimento da crise, sendo assim, o ano de 1960 representa um marco econômico na história do país, de 1960 a 1964 observamos a passagem de um nível econômico para outro.

Como as relações de produção capitalistas tendem a desenvolver-se junto a uma acumulação primitiva de capital, a industrialização torna-se o fator determinante da dinâmica do capitalismo, a certo nível as forças produtivas atingem um grau capaz de provocar o aguçamento da contradição fundamental do sistema e das formas de manifestação. Portanto a base interna para a crise só será gerada à medida que a produção fabril capitalista se instala e se desenvolve dentro do Brasil a partir da década de 60. Antes as crises observadas na economia brasileira eram reflexos da situação externa e o comportamento da economia brasileira, ao recuperar-se mais rapidamente que o resto das economias mundiais, mostrava que estas crises não eram de superprodução, pois tiveram como resposta o crescimento da produção interna que passava a ocupar os espaços ociosos deixados pela redução das importações, a exemplo das crises de 1929 e da 1ª guerra mundial que impulsionaram a alteração da dinâmica econômica externa para a interna. Concluímos então que apenas na década de 60 a crise passa do campo da possibilidade para o da necessidade, a acumulação passa a estar determinada pela expansão do setor industrial (bens de produção e de consumo duráveis) sujeitas a ciclos de expansão e problemas de realização.

A fase de implantação do setor industrial inicia-se na década de 30, devido ao auge do café, e não em resposta a crise externa. A fase da constituição das forças produtivas especificamente capitalistas se dá entre a década de 30 até a década de 50(processo de substituição das importações) – fase caracterizada por uma diminuição da capacidade de importar e um intenso crescimento da produção industrial.

O fator importante é que, entre 1956 e 1957 se esgotam as reservas de mercados pré-existentes.

O processo de acumulação apresentou-se de forma diferenciada no Brasil. De acordo com o modelo clássico, a crise geral seria presidida por crises parciais, a medida que o capital fosse ocupando os espaços disponíveis. No caso brasileiro teve as seguintes particularidades:

1. O grau de proteção da indústria nacional visto as dificuldades de importar;
2. O elevado grau de monopolização da economia;
3. A existência de um grande exército industrial de reserva, pressionando os salários para baixo, não criando incentiva a introdução de tecnologias poupadoras de trabalho – gerou certo atraso crônico de alguns setores;
4. A relativa estagnação mostrada no item 3 repercutiu no dinamismo do setor de meios de produção.
5. A política econômica – o plano de metas – que teve efeito acelerador. “este foi o acontecimento que permitiu a economia dar o ultimo passo em direção a crise”. Pois fomentou investimentos que proporcionaram a instalação, em grande escala, de capital fixo nas novas empresas então criadas. Logo, quando os investimentos completassem o período de maturação, o país entraria em fase de crise.

O plano de metas proporcionou um crescimento da capacidade produtiva além da demanda pré-existente. Os investimentos entre 57 e 61, por exemplo, se focaram em três ramos principais: material de transporte, material elétrico e metal-mecânica, de elevada complementaridade inter-industrial. Este processo teve um efeito acelerador sobre a renda urbana e a capacidade produtiva do setor de bens de capital. A produção nacional de diversos produtos, como peças, permitiu a grande empresa a aumentar seus lucros extraordinários na fase expansionista, verificando assim uma tendência a sobreacumulação e a um crescimento da capacidade a um ritmo superior ao crescimento da demanda. (instalação de capacidade ociosa).

Resumo da contribuição do plano de metas como papel acelerador:
• Para acelerar o esgotamento das reservas do capitalismo, características das economias subdesenvolvidas;
• Para preencher os espaços econômicos vagos;
• Para instalar rapidamente os ramos ainda não existentes, completado a integração do parque industrial do país;
• Para acelerar a sincronização do movimento de rotação do capital fixo dos diferentes ramos e setores;
• Para a realização da reprodução alargada se desse em base nacional.

Em termos qualitativos, o Brasil abre a década de 60 com um perfil industrial de economia madura em que chegará a um importante ponto de mudanças qualitativas.
“Encontra-se uma economia mais diversificada, com processos mais capitalistas de produção e com importantes setores altamente sensíveis a inflexões no ritmo de crescimento, portanto, vulneráveis a uma depressão conjuntural gerada internamente, ao contrário dos anos do decênio passado”.

*texto Resumo da Tese do Dr. Nelson Rosas Ribeiro (Economista)

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