quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Brasil anos 60 e a marcha para a crise

Já em 1961 a economia inicia a sua marcha a crise, que ira se realizar apenas em 1963

A entrada para a etapa de crise é de caráter rastejante devido aos seguintes fatores:
• Por ser a primeira Crise de superprodução, o processo de renovação do capital fixo, base material da crise, ainda não estava completamente sincronizado;
• O fato de a industrialização ter se dado num país subdesenvolvido e em uma fase do capitalismo monopolista (suas características próprias);
• Conjuntura mundial de expansão econômica;
• Os investimentos efetuados no plano de metas que se distribuíam em 4 a 5 anos (por exemplo, a grande siderúrgica USIMINAS que, em 1962 ainda estava em obras de ampliação).

É valido observar que a crise foi presidida por uma superprodução latente que se tornaria uma superprodução real. Este estado de latência é caracterizado pela superampliação do aparelho produtivo, com o aumento mais que proporcional da capacidade instalada, particularmente nos setores que fornecem os elementos materiais do capital fixo. Esta superaculação provocaria o crescimento da capacidade ociosa e o aumento da formação de estoques.

Em 1961 já se observa uma redução dos investimentos em equipamentos, menos as instalações, além da existência de uma importante capacidade ociosa (vale salientar que já havia sido instalada uma capacidade maior que a demanda na época do plano de metas). – super-dimensionamento da instalação de alguns ramos do setor de bens de capital e de bens de consumo duráveis.
Mesmo caindo os ritmos de investimento, o produto continuou a crescer, pois a medida que já estava instalado, o capital produtivo teria que exercer a sua função.

O processo de aumento da capacidade ociosa teve efeitos negativos em toda a economia: “O excesso da capacidade e o excesso de poupança interna das empresas em aplicação nos respectivos setores, tem um efeito depressivo sobre a taxa de investimento privado. Quando este começa a cair, arrasta consigo uma queda da taxa de emprego e nos níveis de demanda efetiva, que por sua vez leva à quebra das empresas marginais nesses setores. Estes acontecimentos são a descrição da passagem da sobreprodução latente para a sua forma de manifestação real.

Ao se analisar o período antecessor a crise, leva também em consideração a variação no consumo produtivo e pessoal. Para este último será observada variações dos salários, onde conclui-se que, nos anos antes da crise, não se verifica uma queda do nível de salários e, conseqüentemente, do consumo. Porém, se observar a relação dos salários e poder se compra observa-se que a partir de 1963 os níveis de rendimento apresentam uma relativa queda. Este fato se da devido ao decreto, em 1963 de aumento do salário em 56,25%, mas no mesmo período houve uma elevação de 78,12% no custo de vida.
O início da crise em junho-julho deve ter influenciado fortemente a subida da taxa de inflação e que repercutiu na queda dos salários. Em 1964 se apresenta como exceção visto a época de grande movimentos reivindicatórios que tiveram como conseqüência aumentos salariais.

Logo, é evidente que a crise iniciada em 1963 foi precedida por um período de grande expansão nos mercado, com grande ampliação do consumo produtivo e pessoal. O primeiro foi comprovado com altas taxas de investimento até o ano de 1962 e o segundo pelos altos salários, (contribuição também do crédito).
“fica incorreta a afirmação de que a crise foi provocada por limitações ou imperfeições do mercado, por falta de consumo ou má distribuição de renda”.

Pode-se observar que, apesar do aumento dos rendimentos e da conseqüente participação de mais consumidores na procura, e do crescimento dos investimentos e do consumo produtivo, a crise de superprodução estava em marcha, pois as condições para o fenômeno se tornar real estavam dadas.

Síntese e conclusões

• Em 1963 o país entrou na fase de crise do seu primeiro ciclo próprio de superprodução;
• As condições reais para a superprodução se deram no início dos anos 60, quando o processo de acumulação capitalista no Brasil atinge o ponto de mudança qualitativa a partir do qual se manifestaria a crise cíclica de superprodução;
• Mas antes foi preciso a existência de uma superprodução latente através da existência de uma capacidade ociosa generalizada e uma acumulação de estoques, apesar do crescimento considerável do consumo pessoal e produtivo;
• A crise teve um caráter rastejante visto as próprias particularidades da economia brasileira;
• O ciclo econômico começa com a fase da crise no primeiro semestre de 1963. No segundo semestre deste ano a queda foi atenuada por algumas medidas de política econômica, voltando a acentuar-se antes do término do primeiro semestre de 1964. Em 1964 e 1965 foram anos de crise com seu ponto baixo em 1965. A reanimação é possível em 1967 e em 1968 iniciou-se o auge que se prolongou ate 1974;
• O país entrou em fase de crise sozinho, apesar da conjuntura mundial favorável, o que da a primeira crise própria de superprodução no Brasil um caráter singular;
• Os fatos ocorridos na década de 60 conduziu a formação de uma economia que caracterizada como “industrial-agrária”, voltada ao mercado interno.
• A inflação que acompanhou todo o processo, sendo particularmente grave no início dos anos 60 ao apresentar-se sob a forma de ‘estagflação’.

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