quinta-feira, 22 de julho de 2010

Brasil: 1967-73

Nos anos 1968-1973, conhecidos como o período do "milagre econômico" brasileiro, o PIB cresceu no País a uma taxa média anual de 11,2% e o da indústria de transformação, 13,3% ao ano. Contribuíram para esse crescimento: uma capacidade de produção ociosa, herdada do período anterior, a implementação de medidas de política monetária destinadas a expandir o crédito ao consumidor e a redução das taxas de juros internos e condições favoráveis para a captação de recursos externos.
Portanto os períodos de 1957-61 e 1968-73 foram de elevadas taxas de crescimento do produto. São características comuns aos dois períodos: a implementação de política monetário-creditícia expansionista e a liderança do crescimento exercida pelo setor industrial, com destaque para bens duráveis de consumo e bens de capital.
O crescimento, em 1968-73, deveu-se a condições externas favoráveis, mas influiu decisivamente a mudança na estratégia econômica do governo que passou a adotar políticas de expansão da demanda e de estímulo à produção.

O dinamismo do setor industrial no período do 'milagre' deveu-se, também, à expansão das exportações de produtos manufaturados, estimuladas pelo realismo cambial propiciado pelo sistema de minidesvalorizações cambiais então introduzido.

O crescimento do período do 'milagre' veio acompanhado de aumentos do salário médio e gerou acentuada expansão do emprego; isso não obstante, houve piora na distribuição de renda.
Ainda neste ciclo de crescimento da economia brasileira, ocorreram os seguintes eventos:
• Uma nova etapa do processo de substituição de importações, com a redução do coeficiente importado da economia;
• Ampliação do endividamento externo, notadamente daquele contraído por filiais de empresas estrangeiras.
• A rápida expansão do mercado de eurodólar; a elevada liquidez em dólar e a crescente facilidade de obtenção de empréstimos e financiamentos nos centros financeiros internacionais e o rápido crescimento do comércio internacional e da economia mundial.
Também as reformas institucionais de meados dos anos sessenta, sobretudo dos sistemas monetário-financeiro e fiscal, foram importantes à retomada do crescimento econômico a partir de 1968. Diante desse fato pode-se afirmar que:

• A reforma tributária e a criação de títulos da dívida mobiliária com cláusula de indexação permitiram o aumento dos gastos do governo;

• Os bancos de investimento passaram a financiar o capital de giro das empresas mediante o repasse de recursos externos.


Assim temos que, a reforma financeira de 1964-66 foi importante para a retomada do crescimento econômico a partir de 1967 por ter criado mecanismos de financiamento de longo prazo. A produção industrial cresceu, inicialmente, mediante utilização de capacidade ociosa. Somente no início dos anos 70 é que se verificaram aumentos mais expressivos de investimentos. É possível constatar uma acumulação significativa das reservas internacionais, apesar do crescimento expressivo da dívida externa, aumento da participação dos empréstimos privados na composição da dívida externa brasileira e aumento da participação de produtos manufaturados na pauta de exportações.
Em 1973, os preços do petróleo quadruplicaram, dando início a uma desaceleração do crescimento mundial, acentuado por políticas de ajuste de cunho recessivo em vários países. Em virtude da forte dependência brasileira do petróleo importado, o choque do petróleo provocou forte desequilíbrio nas contas externas do Brasil e inviabilizou a expansão econômica nos moldes da observada no período do 'milagre'. A resposta do País a esse estado de coisas foi prosseguir no caminho do crescimento com endividamento, aproveitando a elevada disponibilidade de financiamento externo e evitar o ajuste contracionista promovendo a diversificação da estrutura produtiva. Como resultado, o País conseguiu manter taxas de crescimento apreciáveis mesmo em um cenário de recessão nos países industrializados.
A respeito do Plano de estabilização e de reformas estruturais do governo Castelo Branco, a reforma financeira segmentou o sistema financeiro, por exemplo, separando bancos comerciais e bancos de investimento. A diferenciação da estrutura de salários, propiciada pela política salarial em vigor desde o Governo Castelo Branco, favoreceu a expansão da demanda de bens de consumo duráveis; o dinamismo do setor industrial foi ampliado pelas exportações de manufaturados, estimuladas pelo realismo cambial propiciado pelas minidesvalorizações; o crescimento veio acompanhado do aumento do salário médio e gerou acentuada expansão do emprego, não obstante o fato de ter havido piora na distribuição de renda.

Já no Governo Costa e Silva (1967/69), houve uma mudança na política de combate à inflação em relação àquela praticada no período do PAEG. Introduziram-se mecanismos de controle direto de preços dos grandes setores industriais e baseou-se no diagnóstico de inflação de custos.
Sobre o desempenho da economia brasileira e sobre a política econômica na segunda metade da década de 1970. Os projetos do II PND (Governo Geisel - 1974/79) contribuíram para o processo de desconcentração regional da indústria, os investimentos públicos desempenharam um papel anticíclico, evitando uma queda mais acentuada nas taxas de crescimento do produto; foram implementados importantes projetos substituidores de importação, especialmente em indústrias de bens intermediários.
Conclui-se então que após o primeiro choque do petróleo em 1973, o Brasil optou por manter uma política de crescimento econômico em vez de ajustar-se ao choque externo pela redução de suas importações. Sobre este período, é correto afirmar que a opção de manter o crescimento foi responsável pelo grande aumento da dívida externa no período. As primeiras medidas do Governo Geisel incluíam políticas monetária e fiscal restritivas.
Finalizando, podem ser associados ao período conhecido como “milagre econômico brasileiro” (1968-1973): a adoção do sistema de “minidesvalorizações” cambiais; o entendimento da equipe econômica que a inflação não era fundamentalmente de demanda, mas de custo; tanto as importações como as exportações cresceram significativamente ao longo do período, sendo que a taxa de crescimento das exportações de bens manufaturados cresceu acima da taxa média de crescimento das exportações.
A política econômica adotada no período teve as seguintes características:

• A expansão da demanda interna não impediu o crescimento das exportações de manufaturados, dentre outros motivos porque havia capacidade ociosa suficiente para permitir o crescimento agregado da demanda interna e externa;
• As isenções fiscais e os juros subsidiados à agricultura visaram ao aumento da oferta de alimentos e ao crescimento das exportações de produtos primários;

• A taxa de crescimento da demanda por bens de consumo duráveis aumentou antes que a da demanda por bens de capital.

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